ESTUDO EXEGÉTICO DE S.
MATEUS 16:15-19
São Mateus
16:18 tem sido considerado como o texto mais controvertido do Novo Testamento.
Nenhum outro tem suscitado tantos problemas e levantado tantos debates.
A Igreja
Católica Romana tem pregado através dos séculos, que Cristo nomeou São Pedro
chefe dos Apóstolos, primaz de seus colegas, superior hierárquico da ordem
clerical, papa da Cristandade.
Se
perguntarmos: Mas, onde estão no Novo Testamento os títulos dessa nomeação e
dessa transmissão hereditária, três passagens serão citadas:
1)
São Mateus 16:18-19.
2)
São Lucas 12:31, 32.
3)
São João 21:15-17.
Dos três passos
citados o único importante para a defesa católica é o de Mateus 16:18, 19.
Apelando ainda para a tradição, a igreja de Roma pretende provar estas quatro
coisas:
1)
Pedro é a pedra fundamental do texto de Mateus.
2)
Pedro foi o superior hierárquico dos Apóstolos.
3)
Pedro estabeleceu em Roma a sede de seu episcopado.
4)
Ele instituiu os bispos de Roma seus herdeiros.
Os líderes
católicos romanos chamam de "Primado de Pedro" esta distinção e
primazia sobre os demais apóstolos.
A dificuldade
exegética de Mat. 16:18, 19 encontra-se na interpretação correta de duas
metáforas – pedra e chaves.
Quem é a pedra?
O que são as chaves?
Identificação da Pedra
A leitura
atenta do contexto é útil para uma melhor compreensão do assunto.
Jesus
caminhando para Cesaréia de Filipe pergunta aos discípulos: "Quem diz o
povo ser o Filho do homem?" Mat. 16:13.
Após várias
respostas interroga diretamente os discípulos: "Mas vós quem dizeis que eu
sou?". A resposta de Pedro é imediata e firme: "Tu és o Cristo, e
Filho do Deus vivo". Mat. 16:15-16.
A Igreja
Católica Romana ensina que como recompensa a esta confissão. . .
1) Cristo
lhe mudou o nome, indicando a posição que ocuparia daí por diante.
2) Edificou
a Sua Igreja sobre Pedro.
Cristo não
mudou o nome neste momento, mas apenas confirmou o sobrenome que lhe atribuíra
no dia do seu chamado. S. João 1:41, 42; S. Lucas 6:14.
Três principais e diferentes interpretações têm sido dadas
para identificar a pedra sobre quem Cristo edificou a Sua Igreja:
1ª) A pedra é
Cristo.
2ª) A pedra
sobre a qual a igreja está edificada é Pedro.
3ª) A pedra é a
confissão que Pedro fizera sobre Cristo.
Pais da Igreja,
Teólogos e Comentaristas têm lutado com mais ou menos ardor em defesa de cada
uma destas alternativas. Antes de discutirmos sobre quem a Igreja foi
construída seria bom lembrar estes princípios hermenêuticos:
Deixe a Bíblia
interpretar a própria Bíblia, pois como disse Irineu: "Se há passagens
obscuras, estas se explicam pelas que são mais claras, de tal sorte que a
Escritura se explica pela própria Escritura"
Orígenes
apresenta mais ou menos a mesma idéia através das seguintes palavras: o texto
deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e nunca através de
textos isolados.
A Pedra é Cristo
Teólogos
protestantes sempre foram ardorosps defensores da Igreja construída sabre
Cristo.
Jerônimo,
Agostinho e Ambrósio aplicam a pedra tanto a Pedro como a Cristo. Eis as
palavras que aparecem no fim do Evangelho de S. Mateus, tradução da Bíblia do
Padre Antônio Pereira de Figueiredo, edição de 1857, de Lisboa, pág. 95:
"Santo
Agostinho no tratado CXXIV sobre S. João entende por esta pedra não a Pedro,
mas a Cristo, em quanto confessado Deus por Pedro, como se Cristo dissera: Tu
és Pedro, denominado assim da pedra, que confessaste, que sou eu, sobre a qual
edificarei a minha igreja".
Estas palavras
do maior teólogo católica romano por serem muito claras dispensam comentários.
É do nosso
conhecimento que o termo "pedra ou rocha" foi usado no Velho
Testamento para Deus. Salmo 18:2 – "O Senhor é a minha rocha"; Deut.
32: 4 – "Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas."
O Messias é
descrito em Isaías 28:16 como "uma pedra, pedra já provada, pedra
preciosa, angular, solidamente assentada".
O Novo
Testamento apresenta a Cristo como o fundamento da igreja: 1 Cor. 10:4; Atos
4:12; Rom. 9:33; 1 Cor. 3:11; Efés. 2:20; I Pedro 2:4, 5; Mat. 21:42-44.
A estrutura da
fé cristã tem resistido, e irá resistir até o fim, porque é construída sobre um
alicerce firme – o próprio Jesus Cristo.
Argumento Baseado na Diferença
Entre Pétros e Pétra
O Folheto Nº
44, da Série V.A. pontifica: "O Evangelho de S. Mateus foi escrito originalmente
em aramaico".
Há uma forte
corrente baseada em algumas citações de Pais da Igreja, como uma de Irineu,
apresentada por Eusébio (História da Igreja, vol. 8) que diz:
"Mateus
escreveu seu Evangelho entre hebreus, em sua própria linguagem, enquanto Pedro
e Paulo estavam pregando e fundando a igreja em Roma, sendo depois traduzido
para o grego".
Na base desta
citação e de outras congêneres alguns concluem que o Evangelho de Mateus foi
primitivamente escrito em aramaico. Se escreveu em aramaico a distinção entre Pétros e Pétra não podia existir.
Outros ainda
acrescentam: Cristo falava o aramaico, não o grego, não fazendo também esta
distinção. Se Cristo não a fez por falar em aramaico, por que Mateus ao
relatá-las em grego não poderia fazer inspirado pelo Espirito Santo?
Suposições de
alguns Pais da Igreja, reforçadas por um ou outro teólogo moderno, não nos
devem levar à conclusão definitiva de Mateus ter sido escrito em aramaico.
É preferível
ficar com as declarações do Comentário
Adventista, vol. V, pág. 272:
1) O
texto grego de Mateus não revela as características de uma obra traduzida.
2) A
uniformidade de linguagem e estilo nos conduzem à distinta impressão de que o
livro foi escrito em grego.
Dicionários e
Comentários nos comprovam que Pedro, em grego "Pétros"
significa um fragmento de pedra, pedra movediça, lasca da rocha; enquanto
pedra, no grego "Pétra" significa rocha, massa
sólida de pedra.
Alguns
comentaristas asseveram que o Espírito Santo orientou o apóstolo, ao redigir
esta passagem para empregar duas palavras, em grego, para evitar a idéia de que
Pedro fosse a pedra.
Desta sucinta
explicação se conclui que Pétros não é um
símbolo apropriado para um fundamento, um edifício, mas que Pétros – rocha – é um símbolo muito próprio para o fundamento
estável e permanente da Igreja.
Na Ilíada, VI1, 270, Ajax está atirando uma
Pedra (Pétros) em Heitor, mas na Odisséia,
IX, 243, há o relato de uma Pedra (Pétra) colocada na Porta de uma
caverna, inamovível pelo seu tamanho descomunal.
Afirmam alguns
que esta distinção do Grego Clássico não mais existira na (Koinê) do Novo
Testamento, porque o povo comum destrói sutis distinções gramaticais.
Moulton afirma
que em Mateus 16:18 Cristo usou a forma Pétros, masculina, para Pedro,
porque não era próprio aplicara um homem um nome feminino.
A Igreja Construída Sobre Pedro
Esta tese é
sustentada pela maioria dos comentadores católicos.
Vincent,
comentando Mateus 16:18 defende a idéia de que a Igreja foi construída sabre
Pedro, desde que Cristo nesta passagem aparece não como a fundação, mas como o
arquiteto.
Outros
apresentam o seguinte argumento: a conjunção coordenativa "e", em
grego "kai" liga orações que têm o mesmo
valor, por isso se Cristo visasse estabelecer um contraste entre ele e Pedro
teria empregado a conjunção "allá" = mas. Este
argumento não é seguro porque "kai" tem em grego também o
significado de "mas". Ver Arndt and Gingrich, página 393 e Robertson, página 1181.
A igreja
católica se baseia num texto isolado sem levar em consideração o consenso de
todo o ensino bíblico a respeito, isto é, sem considerar os dois princípios
hermenêuticos (de 1rineu e Orígenes) já citados anteriormente.
Cotejando
vários textos das Escrituras chega-se à conclusão iniludível de que a Bíblia
ensina que Cristo é a Pedra e não Pedro.
O próprio
Pedro, através de suas enfáticas declarações, se encarregou de dirimir todas as
dúvidas neste sentido. I S. Pedro 2:4-8.
Paulo, outro
grande baluarte do cristianismo, apresenta em seus escritos declarações
insofismáveis de que Cristo é a Pedra. I Cor. 3:10-11; 10:4; Efés. 2:19-22.
Provas Bíblicas de que Pedro não foi Escolhido como Líder da
Igreja, ou Superior Hierárquico dos Apóstolos
a) Mateus 23:8
e 10 nos ensina que Cristo não queria que nenhum deles fosse mestre ou guia,
porque esta é uma prerrogativa divina.
b) Lucas nos
relata (9:46; 22:24-30), que por duas vezes se levantou entre os discípulos, o
problema de quem entre eles tinha a primazia. Tal problema jamais se levantaria
se Cristo tivesse estabelecido a Pedro como superior a eles.
c) Se Cristo
tivesse indicado a Pedro como o líder da Igreja, como o Papa, ele seria
infalível em suas decisões, portanto jamais lhe aconteceria o que Lucas nos
relata no seu evangelho capítulo 22:54-60.
d) Sendo Pedro
o dirigente seria a pessoa que enviaria outros, mas Lucas nos informa em Atos
8:14 que Pedro e João foram enviados pelos apóstolos.
e) Se fosse o
superior hierárquico dos apóstolos a argüição que eles fizeram e a defesa de
Pedro seriam inoportunas e desarrazoadas, conforme o relato de Atos 11:1-18.
f) O primeiro
concílio da igreja não foi convocado e dirigido por Pedro mas por Tiago. O
contexto apresentado pelo Dr. Lucas (Atos 15:13, 19) sugere que Tiago era o
presidente.
g) Em Atos
15:22-29 há o relato de que a epístola enviada a Antioquia foi dirigida em nome
dos apóstolos, dos presbíteros, e da igreja e não por Pedro.
h) Se Pedro
fosse o líder, Paulo não poderia escrever o que se encontra em Gálatas 2:11-14,
pois seria faltar à ética hierárquica. A afirmação de Paulo no verso 11 é
bastante taxativa para desmoronar todo o falso edifício que o papado tem
construído na base de Mateus 16:18 sobre o primado de Pedro.
i) 1 Coríntios
12:28. Se Pedro fosse o Papa, na enumeração dos ofícios da Igreja, Paulo não se
esqueceria deste tão preeminente – o Vigário de Cristo.
j) Paulo afirma
em Gálatas 2:9 que Tiago, Cefas (Pedro) e João eram considerados como colunas.
Note-se que Tiago está em primeiro lugar.
No SDABC, Vol. V pág. 431 se encontram
estas oportunas palavras:
"Talvez a melhor evidência. de que Cristo não apontou a
Pedro como a 'pedra' sobre a qual edificaria Sua igreja seja o fato de que
nenhum dos que ouviram esta afirmação de Cristo, nem o próprio Pedro assim
entendeu Suas palavras, nem durante o tempo em que Cristo esteve na Terra nem
posteriormente. Houvesse Cristo feito a Pedro chefe entre os discípulos, depois
disto eles não se veriam envolvidos em discussões sobre qual deles seria
considerado o maior."
Pedro Estabeleceu em Roma a Sede de Seu Episcopado. Esteve
Pedro em Roma?
Eduardo Carlos
Pereira no livro O Problema Religioso na
América Latina, págs. 276 a 278, procura provar, que afirmações da igreja
católica, quanto à estada de Pedro em Roma são destituídas de valor por lhe
faltarem base comprovatória.
A Igreja
Católica declara que Pedro estabeleceu em Roma a sede do seu governo no ano 42
e que após ter governado a Igreja por 25 anos, ai faleceu mártir com Paulo, no
ano 67, durante o reinado de Nero.
As principais
ponderações de Eduardo Carlos Pereira são estas:
1ª) Se Pedro
estivesse em Roma a Epístola aos Romanos, escrita em 58, seria desnecessária,
porque haveria quem os exortasse e doutrinasse.
2ª) A Igreja
Católica cita vagas afirmações de Clemente, Papias e Hierápolis para concluir
que Pedro esteve em Roma, como líder da igreja todos aqueles anos. Mas como
harmonizar estas declarações com o fato do Novo Testamento que se iniciou
depois de 42 AD e foi concluído no final do século silenciar totalmente sobre a
notável investidura de Pedro como a cabeça da Igreja?
3ª) Cita do
renomado historiador eclesiástico P. Schaff, do livro History of the Church,
Vol. 1, página 250 esta afirmação:
"A
tradição romana de 20 ou 25 anos de episcopado de S. Pedro em Roma é sem
contestação um erro cronológico colossal".
4ª) Eusébio, História Eclesiástica, livro III, C. 2,
provavelmente baseado em Irineu, declara que Lino foi considerado o primeiro
bispo de Roma. Irineu afirma que Pedro e Paulo ordenaram primeiro bispo a Lino,
cujo nome aparece em II Tim. 4:21.
Historiadores
Católicos defendem ardorosamente a estada de Pedro em Roma, enquanto os
protestantes negam a afirmação anterior.
Não há nenhuma
prova bíblica para afirmar ou negar estas opiniões divergentes.
O Espírito de
Profecia declara sobre esta pendência:
"Na
providência de Deus foi permitido a Pedro encerrar seu ministério em Roma, onde
sua prisão foi ordenada pelo imperador Nero, aproximadamente ao tempo da última
prisão de Paulo". – Atos dos
Apóstolos, pág, 537.
A Igreja Construída Sobre a
Confissão de Pedro
Crisóstomo
(350-407 AD) afirmou que a igreja foi construída sabre a confissão de Pedro.
Outros Pais da Igreja e reformadores como Lutero, Huss, Zwínglio e Melanchton
defendem a mesma idéia.
Os fatos
parecem indicar que esta não é a melhor interpretação, desde que a Igreja é
construída não sobre confissões, mas sobre os que fazem a confissão, isto é,
sobre seres vivos: Cristo, os Apóstolos e os que aceitam a Cristo como Seu
Salvador. As passagens de Efésios 2:20 e 1 Pedro 2: 4-8 confirmam as declarações
anteriores.
Que Significam as Chaves?
Se as chaves
são usadas para abrir e fechar, a figura indica que as chaves do Reino dos
Céus, servem para abrir e fechar o Reino dos Céus.
O abrir e
fechar é expresso no texto por ligar e desligar ou desatar.
As chaves, que
abrem e fecham a Casa de Deus, ligam os homens à Igreja, ou dela os desligam,
são os princípios dos Evangelhos, as condições da Salvação, aceitas ou
rejeitadas pelos homens. Pedro abriu, com a chave da Palavra de Deus, as portas
do Reino dos Céus a três mil pessoas que se converteram, Atos 2:14-41. Este
privilégio não foi apenas concedido a Pedro, mas a todos os discípulos. São
Mateus 18:18.
Autoridades
acatadíssimas na literatura bíblica nos ensinam que entre os rabinos
"ligar e desligar" eram sinônimos de "proibir e permitir'. Esses
doutores da lei se arrogavam o direito de possuir a "chave da
ciência" para declarar o que era ilícito, segundo a lei de Moisés. As
passagens de Mateus 23:14 e Lucas 11:52 nos esclarecem a este respeito.
Quando uma
pessoa completava satisfatoriamente um curso de estudos com um rabi judeu, era
costume receber ela uma chave, significando que se havia tornado bem versada na
doutrina e que estava agora habilitada para abrir os segredos das coisas de
Deus. As palavras de Cristo se referem a este costume.
"As chaves
simbolizam a autoridade que Jesus confiou a Sua igreja para agir em Seu nome.
Especificamente elas indicam as Escrituras onde Deus expõe o plano da salvação.
A autoridade não é baseada numa escritura de igreja como tal, mas nas
Escrituras". – Lição da Escola
Sabatina, 10-1-81.
Algumas
declarações bíblicas nos levam a concluir que a igreja de Deus na Terra se acha
investida de grande autoridade, mas esta autoridade tem sido mal interpretada
pela Igreja Católica em alguns aspectos, como no problema de perdoar pecados.
Comentando S.
João 20: 23, diz o douto exegeta Dr. Adão Clarke o seguinte:
"É certo
que Deus unicamente pode perdoar pecados; e seria não somente blasfêmia, mas
também crasso absurdo, dizer que qualquer criatura pudesse perdoar a culpa de
uma transgressão cometida contra o Criador. Os apóstolos receberam do Senhor a
doutrina da reconciliação e a doutrina da condenação. Os que em conseqüência de
Sua pregação cressem no Filho de Deus, tinham perdoados os seus pecados; e os
que não cressem, permaneciam na condenação."
Russell Norman
Champlin em O Novo Testamento
Interpretado enfatiza a mesma idéia comentada acima ao analisar Mat.16:19:
"O perdão
de pecados não pertence ao indivíduo, em si mesmo, mas Cristo outorga essa
autoridade àqueles que pregam a Palavra de Deus, porquanto a aceitação ou
rejeição dessa mensagem é que determina o 'perdão' ou ausência de perdão dos
pecados, O homem não perdoa nem se recusa a perdoar, mas a sua ação, uma vez
dirigida por Deus, está revestida dessa autoridade".
As declarações
de Ellen G, White no livro O Desejado de
Todas as Nações, págs. 413 e 414, são bem claras neste sentido:
" 'As
chaves do reino dos céus' são as palavras de Cristo. Todas as palavras da Santa
Escritura são dEle e se acham aqui incluídas. Estas palavras têm poder para
abrir e fechar os céus. Declaram as condições sob que os homens do recebidos ou
rejeitados".
Este pensamento
do livro Mensagens Escolhidas, vol.
II, pág. 396 jamais deve ser esquecido:
"Devemos
lembrar que a igreja, enfraquecida e defeituosa como seja, é o único objeto na
Terra a que Cristo concede Sua suprema consideração. Ele vela constantemente
com solicitude por ela, e fortalece-a por Seu Espírito Santo."
Teodoro Beza, a
notável figura da Crítica Textual e propugnador da difusão do texto bíblico
declarou:
"A igreja
é uma bigorna que já desgastou muitos martelos."
"As Portas do Inferno Não Prevalecerão Contra
Ela." Que Significa Esta Afirmação?
A interpretação
mais comum é que os poderes do mal nunca poderão prevalecer contra a Igreja de
Cristo. Outros comentaristas defendem que uma melhor interpretação, de acordo
com o significado da palavra original – Hades – impropriamente traduzida por
inferno, pois significa a habitação dos mortos, a sepultura; será que a morte
que não pôde vencer a Cristo, também não poderá vencer os que O aceitarem como
seu Salvador pessoal.
O SDABC analisando Mat. 16:18 afirma: "O triunfo de Cristo sobre a morte e a
sepultura é a verdade central do cristianismo".
"O último
inimigo que será vencido é a morte".
Será útil ainda
o conhecimento do que afirmou Rui Barbosa em sua destacada obra – O Papa e o Concílio. (Obra traduzida de
Janus, mas a introdução de Rui, exatamente a metade do livro, 330 páginas, por
sua profundidade faz com que ela seja sempre atribuída ao ínclito brasileiro),
pág. 412:
"Tudo isso
explica-se, porém, logo que examinarmos de perto, mediante os Padres, a
significação das bem conhecidas palavras de Cristo a S. Pedro. Não as aplica
aos bispos de Roma como sucessores de S. Pedro nenhum dos Padres que trataram
exegeticamente, nessa época, os tópicos do Evangelho relativos ao poder
transmitido a Pedro (Mat. 16: 18; João 21:18). Que de Padres não se ocuparam
com esses tópicas! Entretanto, nenhum daqueles cujos comentários possuímos
ainda, Orígenes, Crisóstomo, Hilário, Agostinho, Cirilo, Teodoreto, nem dos
outros cujas explicações se acham agrupadas nas Catenas, nenhum desses
exprimiu, por uma sílaba sequer, a idéia de que se refira ao primaz de Roma a
conseqüência da missão incumbida e das promessas dirigidas a Pedro. – Nenhum
deles interpretou a pedra, ou a base onde o Cristo quer edificar a sua igreja,
como atributo especialmente cometido a Pedro, e, por morte deste, hereditário.
Aquilo para eles significava o próprio Cristo, ou a fé notória de Pedro em
Cristo; porque nos seus escritos é freqüente confundirem-se essas duas idéias.
– Por outro lado, entendiam-se que Pedro era tão fundamento da igreja quanto os
demais apóstolos, isto é, pensavam que os apóstolos todos juntos formavam as
doze pedras fundamentais da igreja."
Após tecer
considerações sobre a impossibilidade de Pedro ter sido o primeiro papa em
Roma, Russel Norman Champlin conclui, ao comentar Mat. 16:18:
"Finalmente,
podemos afirmar que essas doutrinas, como a do papado, a da extrema primazia de
Pedro, só aparecem no dogma posterior da história eclesiástica, e não se
alicerçam nas próprias Escrituras nem em qualquer precedente da igreja
primitiva. Não havia primazia do bispo de Roma sobre o bispo de Jerusalém, de
Cesaréia ou de qualquer outra localidade, A primazia do bispo de Roma foi
desenvolvimento muito posterior".
É certamente
confortador crer que a igreja não esteja fundada sobre um homem frágil e
vacilante como Pedro, que no momento em que o Mestre mais dele carecia o negou.
Embora admiremos a Pedro e nos alegremos por sua nobre confissão, agradeçamos a
Deus por Sua Igreja estar fundada sobre o "Príncipe da Paz", a
"Rocha Poderosa", o "Fundamento Indestrutível" o "Nome
Maravilhoso" o "Deus Forte" isto é, Cristo Jesus.
Nota
Este trabalho
pesquisado em várias fontes, recebeu a melhor orientação das seguintes obras:
1. O Problema Religioso na América Latina
de Eduardo Carlos Pereira e
2. O
Comentário Adventista.
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