fivlhma avgiov (Filema Háguios)
Inúmeras vezes a Casa Publicadora Brasileira recebe cartas,
consultando por que os adventistas não praticamos o ósculo santo, como
recomendado por Paulo e Pedro em suas epístolas.
Definição:
Ósculo é o termo erudito, derivado do latim osculum correspondente a nossa forma popular beijo.
É do
conhecimento de todos, que o beijo era no passado e ainda continua sendo na
presente, em alguns países do Oriente, a maneira mais afetiva de cumprimentar.
Presidentes e demais autoridades que visitam países, como a Rússia, são
saudados desta maneira, como nos mostram os meios de comunicação.
Vejamos o uso
do beijo em várias circunstâncias no Antigo Testamento:
a) Indicativo
de profunda afeição. Gên. 27:26-27; 31:28; 50:1; I Sam. 20:41.
b) Sinal
de reconciliação. Gên. 45:15.
c)
Manifestação de despedida. l Reis 19:20; Rute 1:9, 14.
d) Símbolo
de homenagem. l Sam. 10:1.
e)
Um ato de adoração religiosa. Os. 13:2.
f)
Símbolo de traição. II Sam. 20:9.
Neste sentido,
um dos mais famosos beijos mencionados na Bíblia, foi o de Judas, dado em
Jesus. Mat. 26:48; Mar. 14: 44; Luc. 22:47.
As passagens
citadas nos indicam que o beijo era usado como símbolo de afetividade, amor,
rito religioso, aproximação e traição entre os homens.
Em o Novo Testamento
de modo idêntico o beijo era indicativo de amizade ou afeição, como nos indicam
os seguintes passos:
a)
A mulher adúltera beijando os pés de Cristo. Luc. 7:38.
b)
O pai do filho pródigo beijando-o pelo seu regresso ao
lar. Luc. 15:20.
c)
A despedida de Paulo da Igreja de Éfeso. Atos 20:37.
O problema com
este assunto surge com o denominado "ósculo santo", uma expressão de
afeto comunitário e mencionado cinco vezes em o Novo Testamento, nas seguintes
passagens: Rom. 16:16; I Cor. 16: 20; II Cor. 13:12; I Tes. 5:16 e I Ped. 5:14.
Nesta última passagem é chamado ósculo de amor. Este beijo era uma expressão de
amor cristão e de acordo com os comentaristas provavelmente se restringia a
pessoas do mesmo sexo. O vocábulo santo é muito elucidativo para nós, porque
mostra que esta saudação devia ser considerada em seu verdadeiro caráter puro e
elevado.
Desta
recomendação dos apóstolos não se deve inferir, como alguns têm feito, que o
ósculo fosse obrigatório por ocasião da Ceia do Senhor.
A descrição
feita sobre este tema por Russel Norman Champlin, em O Novo Testamento Interpretado, vol. III, pág, 880 é muito
esclarecedora, por essa razão pedimos vênia para transcrever os seguintes
parágrafos:
"Seria
mesmo de esperar que esse costume fosse preservado na igreja cristã, como
expressão de amizade e de afeto mútuo. Nos primeiros tempos do cristianismo, o
ósculo santo era simplesmente uma parte das saudações, quando os crentes se
reuniam em seus cultos públicos. Porém, não demorou muito para que fosse
transferido para a própria liturgia, primeiramente como um sinal de despedida,
após a oração final, que encerrava cada reunião, mas, finalmente, como parte do
rito da Ceia do Senhor. Justino Mártir (M. Apol. I, op. 65), relata-nos como o
ósculo santo era usado nas despedidas e quando da celebração da Ceia do Senhor,
e como o ósculo santo fazia parte dos cultos religiosos dos cristãos. Justino
Mártir viveu mais ou menos em torno de 150 d.C., o que nos permite observar que
essa prática do 'ósculo santo', pelo menos em alguns segmentos da igreja
cristã, havia perdurado por século e tanto, A prática do ósculo santo, como
parte integrante da liturgia cristã, é mencionada nas Constituições Apostólicas
*séc. III d.C.), o que significa que houve lugares onde essa prática sobreviveu
por nada menos de três séculos, Na Igreja Ortodoxa Grega, que representa uma
boa parcela da cristandade atual, essa prática tem sido preservada até hoje,
sendo praticada quando das festividades religiosas.
"Vários
autores defendem, com boas razões, a tese de que o ósculo santo, entre os
crentes primitivos, não se limitava, a ser praticado entre 'mulheres cem
mulheres' e 'homens com homens'. Os costumes orientais, entretanto, indicam que
o ósculo santo era aplicado ou na testa ou na mão, na palma ou nas costas da
mão, e nunca nos lábios. Tertuliano (150 d.C.), também o denominava de 'ósculo
da paz', e Clemente de Alexandria denominava-o de 'ósculo místico' (século III
d.C.).
"Além do
seu emprego durante as festividades religiosas, conforme se verifica entre a
Igreja Ortodoxa Grega até hoje, vários grupos cristãos menores têm preservado
essa prática de uma maneira ou de outra, tal como sucede entre os chamados
dunkers (irmãos Batistas Alemães). Alguns eruditos bíblicos insistem que essa
prática é obrigatória, como uma ordem e uma prática apostólica. Outros insistem que se tratava meramente de
uma prática própria dos tempos apostólicos, que expressava amizade e afeição
mútua, crendo que essa afeição mútua, por haver sido preservada na igreja
cristã, tornou desnecessária a continuação do símbolo antigo, pois, em nossas
culturas modernas, o aperto de mãos e o abraço teriam o mesmo simbolismo que
tinham o ósculo no oriente.
"Em algumas culturas, como nos Estados Unidos
da América do Norte, seria reputado como algo inteiramente impróprio um homem
oscular a outro homem, quanto mais uma mulher que não fosse a sua esposa ou sua
irmã carnal, dentro da comunidade evangélica ou da sociedade em geral. Na
Índia, os homens costumam andar de mãos dadas, como também sucede entre as
mulheres, sem dar qualquer idéia de homossexualidade. Na América do Norte e
também no Brasil, por exemplo, um homem andar de mãos dadas com outro seria
considerado como algo fora do lugar, dando a entender alguma intenção sexual
pervertida. Da mesma maneira o ósculo é considerado como uma aberração,
sobretudo quando praticado entre homens. Por essa razão é que alguns grupos
evangélicos têm achado ser melhor, em algumas culturas, evitar essa forma de
demonstração de afeto, reduzindo o ósculo ao mero aperto de mãos." (Grifos
meus).
O que se segue
é uma parte da resposta dada a um consulente da Revista Adventista sobre o assunto que está sendo ventilado:
"A Reforma
protestante (do Século XVI) não considerou o ósculo santo como ordenança
evangélica, tendo-o como mero costume oriental, Comentadores como Clarke dizem
que, na igreja primitiva, os cristãos não se beijavam apenas nas reuniões
públicas, mas também em seus encontros ocasionais nas ruas e nos lares. Diz
ainda este último comentarista que, crescendo o número de adeptos, a prática se
foi tornando mais e mais difícil, a ponto de ser afrouxada e quase abandonada.
"A Igreja
Adventista do Sétimo Dia oficialmente não exige que, no ritualismo da Ceia, se
pratique o ósculo santo, como o fazem alguns ramos pentecostalistas. Apenas
mantêm o sentido da cordialidade cristã. Após o lava-pés os adventistas se
abraçam mutuamente, e mutuamente apertam-se as mãos, como ocorre também nos
lares, nos limites do santo sábado. Cumprimentos, abraços e palavras cordiais
repassadas de animação cristã conservam o sentido do antigo ósculo santo.
"Há, no
entanto, alguns irmãos que fazem questão de oscular, e crêem que o ósculo santo
é uma ordenança que ainda deve ser observada, e citam em abono de sua atitude,
os seguintes trechos do Espírito de Profecia:
" 'Foi
então que a sinagoga de Satanás conheceu que Deus nos havia amado a nós, que
lavávamos os pés uns aos outros e saudávamos os irmãos com ósculo santo '. – Vida e Ensinos, pág. 58.
" 'A santa
saudação mencionada no evangelho de Jesus Cristo pelo apóstolo Paulo deve ser
considerada no seu verdadeiro caráter. Trata-se de um ósculo santo. Deve ser
considerada como um sinal de amizade para cristãos amigos quando partem, e
quando se encontram de novo após semanas ou meses de separação. Em I Tes. 5:26,
Paulo diz: 'Saudai a todos os irmãos com ósculo santo'. No mesmo capítulo ele
diz: 'Abstende-vos de toda a aparência de mal'. Pode não haver aparência de mal
quando o ósculo santo é dado no tempo e em lugar próprio'. Primeiros Escritos, pág. 127.
"Nada se
deve opor a um adventista sincero que plenamente convicto em matéria do ósculo,
o pratique crendo que assim cumpre melhor o sentido da amizade e cordialidade
cristãs. Nada pode marear a limpidez e a pureza da intenção. Argumentam alguns
que hoje, dada a maré montante de homossexualidade que avassala nosso mundo
agonizante, tal prática não deve ser incrementada. Não aceitamos isto. A Bíblia
diz que 'tudo é puro para os que são puros', e num ambiente de pessoas de
coração afinado com o céu, cremos mesmo que esta prática é altamente salutar,
embora, como dissemos, oficialmente nossa igreja não considera o assunto."
Revista Adventista, dezembro de 1975, págs. 30 e 31.
A IGREJA NÃO CONSIDERA O ASSUNTO DO ÓSCULO COMO A MESMA IGREJA DIZ QUE DEVEMOS ACATAR OS PRINCIPIOS DE ELLEN WHITE,VEJA O QUE ELA DIZ:
ResponderExcluirLogo ouvimos a voz de Deus, semelhante a muitas águas, a qual anunciou o dia e a hora da vinda de Jesus. Os santos vivos, em número de 144.000, reconheceram e entenderam a voz, ao passo que os ímpios julgaram fosse um trovão ou terremoto. Primeiros Escritos, pág. 15.
Os 144.000 estavam todos selados e perfeitamente unidos. Em sua testa estava escrito: "Deus, Nova Jerusalém", e tinham uma estrela gloriosa que continha o novo nome de Jesus. Por causa de nosso estado feliz e santo, os ímpios enraiveceram-se e arremeteram violentamente para lançar mão de nós, a fim de lançar-nos à prisão, quando estendemos a mão em nome do Senhor e eles caíram indefesos ao chão. Foi então que a sinagoga de Satanás conheceu que Deus nos havia amado, que lavávamos os pés uns aos outros e saudávamos os irmãos com ósculo santo; e adoraram a nossos pés. PE.Pg.15