quinta-feira, 6 de setembro de 2012


O POVO DE ISRAEL NO EGITO

Em Gênesis 15:13, lemos que o Senhor disse a Abraão: "Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos." Esta passagem suscita as perguntas: Os 400 anos se aplicam ao tempo de aflição, de peregrinação, ou a ambos? E qual é a relação desses 400 anos para com os 430 anos de Êxodo 12:40 e 41, e Gálatas 3:16 e 17?
A declaração de Êxodo 12:40: "O tempo que os filhos de Israel habitaram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos", dá a impressão de que os israelitas, desde a entrada de Jacó no Egito até ao Êxodo, realmente passaram 430 anos no país do rio Nilo. Que essa impressão não pode ser correta, é evidente pela inspirada interpretação que Paulo apresenta em Gálatas 3:16 e 17, declarando que os 430 anos abrangem o período que começou quando Deus fez o Seu concerto com Abraão e vai até à promulgação da lei no Sinai. O apóstolo parece referir-se à primeira promessa que Deus fez a Abraão, ao mandar que ele saísse de Harã. Gên. 12:1-3. Os 430 anos tiveram início nessa ocasião, quando Abraão estava com 75 anos de idade (Gên. 12:4); ao passo que os 400 anos da profecia de Gênesis 15:13 começaram trinta anos mais tarde, quando Abraão estava com 105 anos, e seu filho Isaque, com cinco (Gên. 21:5). Nessa ocasião, Ismael, "o que nascera segundo a carne, perseguia ao que nasceu segundo o Espírito" (Gál. 4:29; Gên. 21:9-11), dando início a um tempo de aflição para a descendência de Abraão, que prosseguiria intermitentemente até ao Êxodo. Isaque não somente teve dificuldades com o meio-irmão Ismael, mas também com os filisteus (Gên. 26:15, 20 e 21); para salvar a própria vida, Jacó fugiu de Esaú (Gên. 27:43-45), e mais tarde de Labão (Gên. 31:21); e então esteve novamente em perigo por causa de Esaú (Gên. 32:8); José foi vendido como escravo por seus irmãos (Gên. 37:28), e os filhos de Israel foram oprimidos pelos egípcios durante várias décadas (Êxo. 1:14).
O período de tempo que decorreu desde o chamado de Abraão até à entrada de Jacó no Egito foi de 215 anos, e era o total de: 1) vinte e cinco anos entre o chamado de Abraão e o nascimento de Isaque (Gên. 12:4; Gên. 21:5); 2) sessenta anos entre o nascimento de Isaque e o nascimento de Jacó (Gên. 25:26); e 3) a idade de Jacó por ocasião de sua migração para o Egito (Gên. 47:9). Subtraindo 215 anos dos 430, restam 215 anos, que constituem o verdadeiro período de tempo que os hebreus passaram no Egito. Por conseguinte, os 430 anos de Êxodo 12:40 abrangem a peregrinação dos patriarcas em Canaã, bem como sua permanência no Egito. No tempo de Moisés, a Palestina fazia parte do Império Egípcio; por isso não é estranho que um autor desse período tenha incluído Canaã na expressão mais ampla: "Egito". Os tradutores da Septuaginta, sabendo que os 430 anos abrangiam a peregrinação dos patriarcas em Canaã, tornaram claro este ponto, vertendo a passagem desta maneira: "E a peregrinação dos filhos de Israel, o tempo que eles habitaram na terra do Egito e na terra de Canaã, foi de quatrocentos e trinta anos." Uma confirmação adicional desta interpretação dos 430 anos encontra-se na profecia de que a quarta geração dos que entraria no Egito iria sair de lá (Gên. 15:16), e no seu cumprimento relatado em Êxodo 6:16-20.

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