O POVO DE ISRAEL NO EGITO
Em Gênesis 15:13, lemos que o Senhor disse a Abraão: "Sabe, com
certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida
à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos." Esta passagem
suscita as perguntas: Os 400 anos se aplicam ao tempo de aflição, de
peregrinação, ou a ambos? E qual é a relação desses 400 anos para com os 430
anos de Êxodo 12:40 e 41, e Gálatas 3:16 e 17?
A declaração de Êxodo 12:40:
"O tempo que os filhos de Israel habitaram no Egito foi de quatrocentos e
trinta anos", dá a impressão de que os israelitas, desde a entrada de Jacó
no Egito até ao Êxodo, realmente passaram 430 anos no país do rio Nilo. Que
essa impressão não pode ser correta, é evidente pela inspirada interpretação
que Paulo apresenta em Gálatas 3:16 e 17, declarando que os 430 anos abrangem o
período que começou quando Deus fez o Seu concerto com Abraão e vai até à
promulgação da lei no Sinai. O apóstolo parece referir-se à primeira promessa
que Deus fez a Abraão, ao mandar que ele saísse de Harã. Gên. 12:1-3. Os 430
anos tiveram início nessa ocasião, quando Abraão estava com 75 anos de idade
(Gên. 12:4); ao passo que os 400 anos da profecia de Gênesis 15:13 começaram
trinta anos mais tarde, quando Abraão estava com 105 anos, e seu filho Isaque,
com cinco (Gên. 21:5). Nessa ocasião, Ismael, "o que nascera segundo a
carne, perseguia ao que nasceu segundo o Espírito" (Gál. 4:29; Gên.
21:9-11), dando início a um tempo de aflição para a descendência de Abraão, que
prosseguiria intermitentemente até ao Êxodo. Isaque não somente teve
dificuldades com o meio-irmão Ismael, mas também com os filisteus (Gên. 26:15,
20 e 21); para salvar a própria vida, Jacó fugiu de Esaú (Gên. 27:43-45), e
mais tarde de Labão (Gên. 31:21); e então esteve novamente em perigo por causa
de Esaú (Gên. 32:8); José foi vendido como escravo por seus irmãos (Gên.
37:28), e os filhos de Israel foram oprimidos pelos egípcios durante várias
décadas (Êxo. 1:14).
O período de tempo que
decorreu desde o chamado de Abraão até à entrada de Jacó no Egito foi de 215
anos, e era o total de: 1) vinte e cinco anos entre o chamado de Abraão e o
nascimento de Isaque (Gên. 12:4; Gên. 21:5); 2) sessenta anos entre o
nascimento de Isaque e o nascimento de Jacó (Gên. 25:26); e 3) a idade de Jacó
por ocasião de sua migração para o Egito (Gên. 47:9). Subtraindo 215 anos dos
430, restam 215 anos, que constituem o verdadeiro período de tempo que os
hebreus passaram no Egito. Por conseguinte, os 430 anos de Êxodo 12:40 abrangem
a peregrinação dos patriarcas em Canaã, bem como sua permanência no Egito. No
tempo de Moisés, a Palestina fazia parte do Império Egípcio; por isso não é
estranho que um autor desse período tenha incluído Canaã na expressão mais
ampla: "Egito". Os tradutores da Septuaginta, sabendo que os 430 anos
abrangiam a peregrinação dos patriarcas em Canaã, tornaram claro este ponto,
vertendo a passagem desta maneira: "E a peregrinação dos filhos de Israel,
o tempo que eles habitaram na terra do Egito e na terra de Canaã, foi de
quatrocentos e trinta anos." Uma confirmação adicional desta interpretação
dos 430 anos encontra-se na profecia de que a quarta geração dos que entraria
no Egito iria sair de lá (Gên. 15:16), e no seu cumprimento relatado em Êxodo 6:16-20.
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