1-ADOUTRINA DA TRINDADE À LUZ DA BIBLIA
A fim de realizarmos um estudo
aprofundado de qualquer doutrina, faz-se necessário conhecer o que esta afirma,
compreender quais são suas premissas, verificar quais são os textos bíblicos
que a apóiam, e então analisá-los à luz da Bíblia, a fim de verificar se a
interpretação dos mesmos está de acordo com os princípios de exegese bíblica.
A exegese (análise) de qualquer texto
bíblico deve ser feita levando-se em consideração algumas premissas que nos
ajudarão a evitar obter uma interpretação errônea. De uma forma geral, as
regras a serem consideradas são as seguintes:
A – Nunca se deve abrir a Bíblia sem
antes orar a Deus e pedir Sua orientação para que possamos compreender o
assunto o qual pretendemos estudar. Aquele que deu a inspiração aos profetas e
que é o Originador das informações contidas nas Santas Escrituras sabe como nos
conduzir pelo estudo para que compreendamos as verdades bíblicas.
B – Ao buscar entendimento de uma
passagem bíblica, devemos procurar harmonizar o entendimento desta com o
entendimento que já se possui de outras passagens. Um texto bíblico não pode
contradizer a outro texto bíblico; assim sendo, o entendimento de um texto pode
apenas nos dar uma informação complementar sobre o entendimento de outro texto
bíblico.
C – O entendimento de um texto bíblico
deve se harmonizar com o contexto histórico circundante. Os costumes e dizeres
da época em que viveu o autor de determinado trecho da Bíblia influenciavam as
palavras e as expressões que o profeta utilizava para escrever as verdades
reveladas por Deus. Assim, conhecê-los se faz importante para facilitar a
compreensão do texto bíblico analisado.
D – Uma passagem bíblica deve ser
entendida dentro do seu contexto imediato e amplo. Um texto sem seu contexto
pode servir de pretexto para afirmar alguma coisa errada. Assim, ao analisar um
texto bíblico, é importante considerar a idéia apresentada pelo capítulo no
qual este verso está inserido, bem como a idéia dos capítulos adjacentes,
quando estes também fazem parte do contexto que inclui o verso a ser analisado.
Exemplificando isto, podemos citar os capítulos 2 e 3 do livro de Apocalipse,
que trazem as cartas às sete igrejas. Para se analisar, por exemplo, Apocalipse
3:3, podemos considerar como contexto imediato deste verso os capítulos 2 a 3
deste livro. Isto porque Apoc. 3:3 trata das cartas às sete igrejas, e estes
dois capítulos possuem informações correlatas a Apoc. 3:3, que auxiliam a sua
compreensão.
E – Um texto bíblico deve ser entendido
dentro do seu máximo sentido literal, a menos que este apresente um símbolo.
Quando a Bíblia apresenta uma palavra como um símbolo, este deve ser explicado
pelo seu próprio contexto, caso contrário devemos entender a palavra dentro do
seu máximo sentido literal.
Cada passagem deve ser interpretada de
acordo com os princípios de interpretação bíblica, para que compreendamos seu
correto significado. Assim, a fim de verificarmos se a doutrina da Trindade
possui ou não base bíblica, teremos que primeiramente entender quais são as
premissas que ela afirma e em seguida analisar os textos usados para apoiar as
premissas afirmadas por esta doutrina segundo os princípios de interpretação
bíblica. Caso o entendimento bíblico dos textos usados para apoiar as premissas
afirmadas pela Trindade se confirme, poderemos então afirmar que esta doutrina
possui base bíblica.
Se, todavia, a exegese dos textos
bíblicos nos levar a um entendimento diferente das premissas afirmadas pela
doutrina da Trindade, seremos obrigados a rejeitá-la por não encontrarmos base
bíblica que a apóie. Isto porque a Bíblia, e a Bíblia somente, deve ser
utilizada como nossa única regra de fé. A Igreja Adventista do Sétimo Dia crê
ser isto verdade, tanto que a primeira de suas crenças fundamentais afirma que
a Bíblia á a regra de fé e o revelador autorizado das verdadeiras doutrinas
bíblicas:
“1. As Escrituras Sagradas
As Escrituras
Sagradas, o Antigo e Novo Testamentos, são a Palavra de Deus escrita, dada por
inspiração divina, através de santos homens de Deus que falaram e escreveram ao
serem movidos pelo Espírito Santo. ... As Escrituras Sagradas são a
infalível revelação de Sua vontade.Constituem o padrão do caráter, a
prova da experiência, o autorizado revelador de doutrinas e
o registro fidedigno dos atos de Deus na História. (II Pedro 1:20 e 21; II Tim.
3:16 e 17; Sal. 119:105; Prov. 30:5 e 6; Isa. 8:20; João 17:17; I Tess. 2:13;
Heb. 4:12.)” - Manual da Igreja Adventista
do Sétimo Dia, 14º edição – 2001, pág. 9.
Isto concorda com o que afirma a
Mensageira do Senhor, em seu livro O Grande Conflito:
“Em Sua Palavra, Deus conferiu aos
homens o conhecimento necessário à salvação. As Santas Escrituras devem
ser aceitas como autorizada e infalível revelação de Sua vontade. Elas
são a norma de caráter, o revelador das doutrinas,
a pedra de toque da experiência religiosa.” Grande Conflito, pág. 9 / A
Mensageira do Senhor, cap. 36 (Autoridade com Relação à Bíblia), pág 417
Os escritos de Ellen G. White, segundo
ela mesmo afirmou, constituem-se em uma luz menor para conduzir à luz maior.
Assim, cremos que por inspiração de Deus, ela afirmou que seus escritos não
poderiam ser utilizados para embasar doutrinas bíblicas. Pelo contrário, ela
advertiu expressamente e em diversas ocasiões aos pioneiros adventistas para
que não utilizassem os seu escritos com o propósito de embasar doutrinas
bíblicas. Apresentamos a seguir alguns testemunhos que ela escreveu sobre este
assunto:
“Recomendo-vos, caro leitor, a
Palavra de Deus com regra de fé e prática. Por essa Palavra
seremos julgados. Nela Deus prometeu dar visões nos últimos dias”;
não para uma nova regra de fé, mas para conforto do Seu povo e
para corrigir os que se desviam da verdade bíblica.” -- Mensagens
Escolhidas, Vol. III, pág. 29
“Enalteço a preciosa Palavra diante
de vós neste dia. Não repitais o que eu declarei, afirmando: “A irmã
White disse isto” e “a irmã White disse aquilo”. Descobri o que o Senhor Deus
de Israel diz, e fazei então o que Ele ordena.” -- Mensagens
Escolhidas, Vol. III, pág. 33 (afirmação que ela fez aos dirigentes de
igreja na noite que antecedeu a abertura da Assembléia da Associação Geral de
1901)
Percebemos que a mensageira do Senhor
afirmou expressamente que a Bíblia é o revelador das doutrinas.
Assim, seguindo o conselho que ela deu:
O Senhor deseja que
estudeis a Bíblia. Ele não deu alguma luz adicional para tomar o lugar de Sua
palavra.” -- Mensagens Escolhidas,
Vol. III, pág. 29
Vamos verificar se existe embasamento
bíblico para a doutrina da Trindade. Se houver, podemos aceitá-la. Caso não
haja, conforme Ellen G. White mesmo afirmou, não podemos aceitá-la, mesmo que
seus Testemunhos a apóiem. Vejamos o que Ellen G. White afirma que devemos
fazer, caso um Testemunho (uma passagem que ela escreveu) contradiga a Bíblia:
“Se os Testemunhos não falarem
de acordo com a Palavra de Deus, rejeitai-os. Cristo e Belial
não se unem.” -- Mensagens Escolhidas, Vol. III, pág. 32
Assim, se a doutrina da Trindade não
possuir embasamento bíblico, nem um milhão de textos de Ellen G. White apoiando
a Trindade serviriam de base para que aceitássemos esta doutrina
2-A PROMESSA DO CONSOLADOR
A primeira passagem bíblica que analisaremos é João 14:16-26, que traz a
promessa da vinda do “Consolador”. Este texto denomina o “Consolador”
primeiramente de “Espírito da Verdade”, e depois o chama de “Espírito Santo”:
“16 E eu rogarei ao
Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre
convosco,
17 o
Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem
o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.
18 Não vos
deixarei órfãos, voltarei para vós outros.
19 Ainda por um
pouco, e o mundo não me verá mais; vós, porém, me vereis; porque eu vivo, vós
também vivereis.
20 Naquele dia,
vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós.
21 Aquele que
tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama
será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.
22 Disse-lhe
Judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a
nós e não ao mundo?
23 Respondeu
Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos
para ele e faremos nele morada.
24 Quem não me
ama não guarda as minhas palavras; e a palavra que estais ouvindo não é minha,
mas do Pai, que me enviou.
25 Isto vos
tenho dito, estando ainda convosco;
26 mas o
Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos
ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.”
Nos versos 16 e 17, Jesus está dizendo
que rogará ao Pai, e Ele dará “outro” Consolador, o “Espírito da verdade”.
Destas palavras, poderíamos extrair o seguinte raciocínio:
1 – Jesus “roga”, ou pede ao Pai que
envie outro Consolador;
2 – O “outro Consolador” não pode ser
Jesus, porque Jesus pede ao Pai que o envie;
3 – O “outro Consolador” não pode ser o
Pai, porque seria redundante Jesus pedir ao Pai que envie a Si mesmo;
4 – O “outro Consolador” é o Espírito
da Verdade, e também é o Espírito Santo (verso 26);
5 – Então o “outro Consolador” é uma
pessoa, pois será enviado pelo Pai (não é o Pai) e não pode ser Jesus.
Este raciocínio parece contundente. Mas
antes de aceitá-lo, devemos verificar se a Bíblia não explica um pouco melhor o
que é o Consolador em outras passagens. Achando estas passagens, podemos
permitir que a Bíblia seja a sua própria intérprete e ver a qual conclusão
chegamos. Sobre o “Consolador”, o próximo capítulo do livro de João nos traz
alguma luz. Apresentamos João 15:26,27:
“Quando, porém, vier o
Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da
verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim; e vós também
testemunhareis, porque estais comigo desde o princípio.”
Jesus disse que o “Consolador” seria
enviado da parte do Pai. Também disse que o Consolador é o “Espírito da
verdade”. Esta a mesma informação dada no capítulo anterior, versos 16 e 17,
que analisamos a pouco. Entretanto, agora Jesus algumas informações. Primeiro,
Jesus diz que o Consolador “procede do Pai”. Portanto, o Consolador está
intimamente relacionado com o Pai. Em segundo lugar, diz que o “Consolador”
dará testemunho dEle:
“O Consolador, que eu vos enviarei
da parte do Pai ... esse dará testemunho de mim” – verso
26
Em João 5:36-39, Jesus menciona o que
dá testemunho dEle:
“32 Outro é o que
testifica a meu respeito, e sei que é verdadeiro o testemunho que ele dá de mim....
36 Mas eu tenho
maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me confiou
para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu respeito de
que o Pai me enviou.
37 O
Pai, que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim. Jamais
tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma.
38 Também não
tendes a sua palavra permanente em vós, porque não credes naquele a quem ele
enviou.
39 Examinais
as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas
mesmas que testificam de mim.”
Jesus afirmou no verso 32 que outro
testemunhava a Seu respeito. No verso 37, Ele deixa claro que este outro ao
qual Ele se referia era Deus, o Pai. Por outro lado, Jesus também afirmou que
as obras que Deus Pai havia confiado para que Ele fizesse testificavam dEle. Já
vimos que, enquanto esteve na Terra, as obras que Jesus fazia, não as fazia
pelo Seu poder, mas pelo poder do Pai (João 5:30). Se as obras que Jesus fazia
não eram realizadas pelo Seu poder, elas eram em verdade realizadas pelo poder
de Deus.
Temos então que o Pai dava testemunho
de Jesus na Terra por meio do Seu poder, operando por meio da fé de Jesus para
realizar as obras que Jesus realizava. Assim, o “Consolador”, que procede do
Pai e dá testemunho de Jesus, que vimos em João 16:25,26, é o poder de Deus, o
mesmo que realizava as obras por meio da fé de Jesus. O texto de João 14:10-12,
confirma este raciocínio:
“10 Não crês que eu estou no
Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim
mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras.
11 Crede-me
que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras.
12 Em verdade,
em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que
eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.”
Para deixar mais claro o raciocínio que
fizemos acima, vamos apresentá-lo a seguir, de forma resumida:
1 – Em João 16:25,26, Jesus afirmou que
o Consolador é o Espírito da verdade, que procede de Deus, o Pai, e que daria
testemunho dEle:
“O Consolador, que eu vos enviarei
da parte do Pai ... esse dará testemunho de mim” – verso
26
2 – Em João 5:32, 36 e 37, Jesus afirma
que Deus, o Pai, dava testemunho dEle através das obras que Ele (o Pai) fazia
pelo Seu poder (poder do Pai) por intermédio dEle (Jesus):
“As obras que o Pai me confiou para
que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu respeito ...O
Pai, que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim” – versos
36 e 37
“...O Pai, que permanece em
mim, faz as suas obras.” – João 14:10
3 – Jesus disse aos discípulos que quem
cresse nEle faria obras até maiores do que as que Ele fez pelo poder de Seu
Pai, e que esta promessa de envio de poder do Pai se cumpriria por ocasião da
vinda do Consolador:
“Aquele que crê em mim fará também
as obras que eu faço e outras maiores fará” - João 14:12
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos
dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o
Espírito da verdade” – João 14:16,17
4 – O Consolador, o Espírito da
verdade, que capacitaria os discípulos a fazerem obras até maiores do que as
que Jesus fez, procede de Deus (João16:25,26). Mas sabemos que quem capacita os
homens a fazerem qualquer coisa é o poder de Deus, porque sem Ele, nada podemos
fazer:
“Eu sou a videira, vós, os ramos.
Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim
nada podeis fazer.” – João 15:5 (o texto fala de Cristo, mas Cristo
também é Deus – I Reis 18:35)
Então, temos que o Consolador, o
Espírito da verdade, é o poder de Deus.
Entretanto, quando analisamos o sentido
do termo Consolador, apresentado em João 14:26-26, percebemos que ele possui um
significado que vai além de ser o “poder de Deus”. Vamos agora analisar o texto
de João 14:16-26, versículo a versículo, para podermos compreender com mais
detalhes o que acabamos de afirmar:
“16 E eu rogarei
ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre
convosco,”
Jesus diz aos discípulos que pediria ao
Pai e o Pai enviaria “outro” Consolador. Isto nos dá a entender que o
“Consolador” não era Jesus. Aqui podemos entender o Consolador como sendo
somente o poder de Deus o Pai, como acabamos de ver a pouco. Entretanto, na
continuação da leitura do texto, compreenderemos algo que nos surpreenderá.
“17 o Espírito da
verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós
o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.”
Neste verso, Jesus dá um segundo nome
para o Consolador. Ele o chama de “Espírito da verdade”. Jesus também disse que
Ele já habitava com os discípulos. Considerando que o “Consolador” é o poder de
Deus, isto era verdade, porque Jesus já os havia comissionado com o poder de
Deus a algum tempo atrás, quando os havia designado para pregarem de dois em
dois nas cidades (Luc. 10:1-12, 17-19). A Bíblia mesmo relata que Jesus exultou
no Espírito Santo (poder de Deus) ao ver a alegria com que os discípulos lhe
contavam as maravilhas que haviam operado em seu trabalho nas cidades:
“Naquela hora, exultou Jesus no
Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos
pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.” – Lucas 10:21
O texto mostra que Jesus se alegrou ao
ver o resultado da ação do poder do Pai concedido aos discípulos, e orou a Ele
em gratidão. Continuando nossa análise, vamos ao verso 18:
“18 Não vos deixarei órfãos,
voltarei para vós outros.”
Comparando este verso com o verso 16,
parece-nos ser difícil entender algo:
Jesus disse que pediria ao Pai que
enviasse outro “Consolador”, e ao mesmo tempo disse que Ele voltaria para os
discípulos, não os deixando órfãos. Como poderia ser isto? Viria Ele junto com
o “Consolador”? A resposta para esta pergunta inicia-se nos versos seguintes
20:
“19 Ainda por um pouco, e o
mundo não me verá mais; vós, porém, me vereis; porque eu vivo, vós também
vivereis.
20 Naquele
dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós.”
Jesus disse aos discípulos que dentro
em pouco o mundo não mais o veria. Isto era verdade, pois dentro de pouco tempo
Ele seria crucificado, e depois ascenderia ao Céu, não sendo mais visto na
Terra. Mas Jesus afirma aos discípulos que apesar de o mundo não O ver mais,
eles o veriam. Diz ainda que os discípulos conheceriam que Ele estava no Pai, e
que Ele, juntamente com o Seu Pai, estaria nos discípulos. Mas Jesus já havia
dito que Ele iria para o Seu Pai, e não estaria mais presente com os discípulos
(João 14:3). Percebamos que Jesus afirmou que não estaria mais com os
discípulos, mas em breve estaria nos discípulos. Sabemos que o fato de Jesus
estar em nós significa que Ele habita em nosso coração, segundo a promessa de
Apocalipse 3:20:
“Eis que estou à porta e bato; se
alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com
ele, e ele, comigo.”
Era exatamente isto que Jesus estava
tentando dizer aos discípulos. Embora os discípulos em breve não o pudessem
mais ver com seus olhos carnais, poderiam vê-lo com os “olhos” espirituais,
permitindo que Jesus entrasse em seus corações e neles fizesse morada; então
Jesus habitaria no coração daqueles que o amassem através do Seu Espírito.
Decorre portanto, que o Consolador, o Espírito da verdade, que sabemos ser o
Espírito de Deus, o poder de Deus o Pai, é também o Espírito de Cristo. Por
isso, Jesus afirma que se alguém o ama, Ele e Seu Pai virão ao coração desta
pessoa, e nele farão morada:
“22 Disse-lhe Judas, não o
Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós e
não ao mundo?
23 Respondeu
Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e
viremos para ele e faremos nele morada.”
Assim, poderíamos montar as seguintes
expressões lógicas para explicar isto de maneira mais fácil:
CONSOLADOR = ESPÍRITO DA VERDADE =
ESPÍRITO (poder) DE DEUS PAI + ESPÍRITO (poder) DE CRISTO
Que o Espírito de Deus representa o
poder de Deus Pai, já estudamos neste material. Quanto ao Espírito de Cristo
ser o poder de Cristo, isto é explicado pela citação de João 15:5, onde Cristo
afirma categoricamente: “sem mim nada podeis fazer.”
Assim, o fato de o Espírito de Cristo
habitar em nós significa que o Seu poder está nos capacitando a fazer a Sua
obra, pois sem o poder de Cristo nada podemos fazer.
Os versos 26 e 28 de João 14 reforçam o
conceito de que o Consolador é o Espírito de Deus somado ao Espírito de Cristo:
“25 Isto vos tenho
dito, estando ainda convosco;
26 mas o
Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos
ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.
28 Ouvistes
que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. Se me amásseis,
alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.”
Jesus, no verso 26, afirma que o
Consolador seria enviado da parte do Pai em Seu nome. Logo em seguida,
referindo-se ao que havia acabado de dizer nos versos 25-27 disse: vou
e volto para junto de vós. Assim, fica claro o conceito de que o Consolador
é o Espírito de Deus Pai somado ao Espírito de Cristo. Com este entendimento, o
verso 23, no qual Jesus afirma que Ele e o Pai viriam e fariam morada no
coração faz todo o sentido, e isto se cumpriria na vinda do prometido
Consolador.
Como o texto que acabamos de analisar
esclarece, o Consolador, o Espírito Santo, é apresentado como sendo uma
promessa a se cumprir para os discípulos, e esta promessa se manifestaria na
forma de um dom, uma dádiva a ser concedida, que consistia-se do poder de Deus
Pai e do poder de Jesus Cristo. Poderíamos então nos questionar:
Não seria esta promessa (a vinda do
Espírito Santo) uma pessoa?
Para respondermos a esta pergunta,
deixemos novamente que a Bíblia seja sua própria intérprete. O livro de Atos
relata como se deu o cumprimento desta promessa. Em Atos 1:8, Jesus, logo antes
de ascender ao Céu, reafirma a promessa da vinda do Consolador:
“Mas recebereis poder, ao
descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.”
Ele disse aos discípulos que, quando o
Espírito Santo descesse sobre eles, receberiam poder. Assim, mais uma vez,
Jesus reforça o conceito de que o Espírito Santo representava o poder
(espírito) de Deus + poder (espírito) de Cristo. Como chegamos a esta
conclusão? Da seguinte forma:
1 - Jesus disse: “sem mim nada podeis
fazer” (João 15:5). Nada significa exatamente isto: nada. Os discípulos não
poderiam sequer ser testemunhas de Jesus, conforme Ele prometeu em Atos 1:8 se
estivessem sem Ele, se Ele (Jesus) não habitasse no seu coração.
2 – No texto de Atos 1:8, Jesus afirmou
que quando o Espírito Santo descesse sobre os discípulos, eles seriam Suas
testemunhas. Mas como os discípulos não poderiam ser testemunhas de Jesus se
Ele não habitasse neles, isto implica que quando o Espírito Santo descesse
sobre os discípulos, Jesus passaria a habitar neles, ou estaria neles. Isto só
poderia acontecer se o próprio Espírito Santo que iria descer fosse o próprio
Espírito de Cristo.
3 – O Espírito Santo da promessa era o
“outro Consolador”, que procede do Pai (João 15:26,27), que como vimos
anteriormente representa também o poder de Deus Pai, que dá testemunho de Jesus
Cristo (João 5:36,37; 14:10). Assim, o Espírito Santo mencionado por Jesus em Atos
1:8 é também o Espírito de Deus, o Pai.
Mais uma vez então, confirmamos a
fórmula a qual já havíamos chegado para o Espírito Santo:
CONSOLADOR = ESPÍRITO SANTO =
ESPÍRITO DE DEUS PAI + ESPÍRITO DE CRISTO
Podem o Espírito de Deus Pai e o
Espírito de Jesus habitar em nós, sendo cada um dos dois uma pessoa? Segundo a
Bíblia sim, porque ambos também são Espírito:
- Jesus Cristo, o SENHOR (I
Cor 8:6) é Espírito (II Cor. 3:17);
- Deus, o Pai, é Espírito
(João 4:24).
O cumprimento da promessa da vinda do Consolador,
descrito em Atos 2:3-4, 6-7, também confirma a conclusão à qual chegamos com
base nas passagens bíblicas que analisamos, de que o termo “Espírito Santo”,
quando se refere ao Consolador, é um poder concedido por Deus Pai e Seu Filho
Jesus Cristo:
“3 E apareceram,
distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um
deles.
4 Todos
ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas,
segundo o Espírito lhes concedia que falassem....
6 Quando, pois,
se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade,
porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua.
7 Estavam,
pois, atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus
todos esses que aí estão falando?”
O texto mostra que o Espírito Santo
capacitou os discípulos não somente para testemunhar, falando o idioma
hebraico, mas testemunhar de Cristo em outras línguas, de maneira que cada
visitante que tinha vindo para a festa de Pentecostes ouvia o evangelho em sua
própria língua. Os discípulos foram capacitados a falar em outras línguas pelo
poder de Deus, denominado nesta passagem de Espírito Santo.
Ao dar testemunho deste maravilhoso
derramamento do poder de Deus, Pedro, em Atos 2:32-33 e 37-38, disse o seguinte
a respeito do Espírito Santo:
“32 A este Jesus Deus
ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.
33 Exaltado,
pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito
Santo, derramou isto que vedes e ouvis....
37 Ouvindo eles
estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais
apóstolos: Que faremos, irmãos?
38
Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis
o dom do Espírito Santo.”
O apóstolo Pedro disse que Jesus
recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo. Esta promessa era o cumprimento do
que Ele mesmo havia dito aos discípulos que pediria ao Pai em João 14:16. Ele
disse que pediria ao Pai para que Ele enviasse o Consolador, o Seu poder, o
Espírito Santo. O Pai havia atendido ao Seu pedido, e Ele havia então enviado o
Espírito Santo, a soma do Seu poder com o poder de Seu Pai, para os discípulos.
Por isso Pedro chama o Espírito Santo de dom, (dádiva divina) no verso 38:
“E recebereis o dom do Espírito
Santo.”
Falava Jesus figuradamente quando Se
referiu ao Espírito da verdade, o Consolador, como se fosse um terceiro
personagem divino? O próprio Salvador nos responde afirmativamente:
"Estas coisas vos tenho dito por
meio de figuras; vem a hora em que não vos falarei por meio de comparações, mas
vos falarei claramente a respeito do Pai." João 16:25.
3-O ESPÍRITO DIVIDE OS DONS
Vimos, no capítulo anterior, que, como o Espírito Santo era um dom, ou dádiva,
era concedido aos discípulos segundo o Pai e o Filho o desejavam. Por isso Atos
2:4 afirma que os discípulos passaram a falar em outras línguas, segundo o
Espírito lhes concedia que falassem:
“Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes
concedia que falassem.”
Como tanto Deus o Pai quanto Jesus
Cristo são “Espírito” (II Cor. 3:17; João 4:24), e são “um”, uma unidade em
propósito (João 14:7,9; 17:11, 22-23; 10:30), a palavra Espírito pode estar se
referindo às duas pessoas da divindade ao mesmo tempo – Deus Pai e Jesus
Cristo, sem ferir o entendimento obtido pela análise das outras passagens
bíblicas que foram estudadas até o momento. Este entendimento também esclarece
uma outra passagem que fala sobre o Espírito Santo – II Coríntios 12:1-13, que
passamos a analisar:
“1 A respeito dos dons
espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
2 Sabeis que, outrora, quando éreis gentios,
deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados.
3 Por isso, vos faço compreender
que ninguém que fala pelo
Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por
outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.”
Após a
introdução do capítulo, falando a respeito dos dons espirituais, o apóstolo
Paulo afirma:
“Ninguém
que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus!” – verso 3
Paulo
explica que quem é impressionado pelo Espírito de Deus, ou poder de Deus não
pode negar a Jesus ou às suas obras. Estudamos a pouco neste compêndio o
exemplo dos fariseus, que atribuíram a cura do homem endemoninhado, realizada
por Jesus, ao poder de Satanás (Mat. 12:22-32). Em outras palavras, os fariseus
estavam dizendo: “anátema, Jesus!” quando atribuíram a expulsão do demônio,
feita por Jesus, ao poder de Satanás.
Nesta
ocasião, Jesus não só enfatizou que Ele operara a expulsão pelo poder de Deus Pai,
como também acusou os fariseus de estarem cometendo pecado contra o Espírito
Santo. Como veremos mais adiante, o pecado contra o Espírito Santo consiste-se
de atribuir a Satanás a obra realizada pelo poder de Deus. Assim, o pecado
contra o Espírito Santo significa também dizer: “Anátema, Jesus!”. E quem está
pecando contra o Espírito Santo, naturalmente não pode estar sendo movido a
fazer isto pelo poder de Deus (Espírito de Deus). E quem não age movido pelo
Espírito de Deus, age movido pelo espírito de Satanás.
Vemos
então que neste verso Paulo nos dá um conselho valioso para avaliarmos qual é o
espírito pelo qual fala uma pessoa: se é de Deus, atribuindo a Ele as obras
realizadas pelas operações maravilhosas da Sua vontade, ou se é do maligno,
atribuindo a Satanás as obras realizadas pelo poder de Deus através de Seus
instrumentos – os homens. Utilizando o raciocínio inverso, Paulo em seguida
afirma que, se por um lado, quem atribui a Satanás a obra realizada pelo poder
de Deus fala pelo poder do maligno, quem reconhece o poder de Jesus manifestado
nas obras realizadas por Ele e Seus instrumentos humanos, este é movido pelo
poder de Deus, o Espírito Santo:
“Por
outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.”
– verso 3
Paulo
aqui se refere ao Espírito Santo da promessa cumprida no Pentecostes (Atos
2:3,4), que segundo as passagens bíblicas analisadas compõe-se tanto do
Espírito (poder) do Pai quanto do Espírito (poder) de Jesus Cristo. Isto fica
evidente pela continuação do texto, quanto ele passa a se referir a Deus Pai e
Jesus Cristo, que concedem os dons aos homens por meio de Seu poder, o Espírito
Santo, conforme melhor Lhes apraz:
“4 Ora, os
dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo.
5
E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo.
6 E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem
opera tudo em todos.
7 A
manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.
8 Porque a
um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o
mesmo Espírito, a palavra do conhecimento;
9 a outro,
no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar;
10 a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a
outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro,
capacidade para interpretá-las.”
Paulo
esclarece que Deus Pai e Jesus Cristo, chamados neste caso de “Espírito” (II
Cor 3:17,18; João 4:24) no singular, pois são “um”, conforme já vimos, são os
doadores dos dons outorgados aos homens. Deus Pai e Jesus Cristo sabem qual é o
dom que melhor serve a cada homem, pois foram Eles que criaram todos os homens;
assim, concedem a cada um os dons “visando um fim proveitoso”:
“A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a
um fim proveitoso.” – verso 7
Como
Deus Pai e Jesus Cristo sabem qual é melhor dom a ser concedido ao homem nas
diferentes situações pelas quais este passa, eles concedem o dom de acordo com
a Sua vontade:
“11 Mas um só e o mesmo Espírito
realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um,
individualmente.”
Reparemos
que isto também aconteceu no Pentecostes – os dons foram dados segundo o
Espírito (Deus Pai e Jesus Cristo) desejou que fossem dados, e não segundo os
homens desejavam. Nas orações dos discípulos antes do Pentecostes, eles não
estavam pedindo para que um passasse a falar em aramaico enquanto o outro
passasse a falar em grego. Os discípulos estavam apenas confessando os seus
pecados e se colocando integralmente à disposição do Espírito (Deus Pai e Jesus
Cristo), para que Ele operasse neles segundo a Sua vontade:
“Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo
o Espírito lhes concedia que falassem.” – Atos 2:4
Paulo
finaliza afirmando que todos foram unidos em um só Espírito (de Deus Pai e de
Jesus Cristo) pelo batismo, e a partir de então passaram a “beber”, ou seja,
receber o poder do mesmo Espírito:
“12
Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo
muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo.
13 Pois, em um só Espírito, todos nós
fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer
livres. E a todos nós foi dado
beber de um só Espírito.”
O verso 12 apresenta a união da igreja
como um corpo em Cristo. Isto porque Cristo era a ponte através da qual Deus
reconciliaria consigo o mundo:
“A saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas
transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.” II Coríntios 5:19
O homem só pode se aproximar de Deus
mediante Cristo, pois Ele pagou a pena que o homem deveria sofre (morte
eterna), e assim constituiu uma ponte entre o abismo que o separava de Deus.
Mas o fato de Deus estar ligado com homem através de Cristo não impede que Ele
envie Seu poder (Espírito) juntamente com Cristo, em auxílio de homens
pecadores. Isto demonstra apenas o infinito amor do Deus Pai todo poderoso, bem
como Seu desejo de que em Jesus Cristo o homem vença o mundo possa estar
novamente unido com Ele.
4 - O Espírito “geme e intercede”
No texto bíblico de Romanos 8:26,27 o
apóstolo Paulo apresenta o “Espírito” como estando a assistir o homem em sua
fraqueza, e intercedendo por ele. Como a intercessão só pode ser feita por uma
pessoa, o texto nos traz o termo “Espírito” como estando a denominar uma
pessoa. Vamos então analisá-lo, para verificarmos a qual pessoa este termo esta
se referindo:
“26 Também o Espírito,
semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar
como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com
gemidos inexprimíveis.
27 E aquele que sonda os corações
sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que
ele intercede pelos santos.”
Nestes dois versos, são descritas duas ações,
praticadas pelo Espírito:
- o “Espírito” nos assiste em
nossa fraqueza
- o “Espírito” intercede por
nós, com gemidos inexprimíveis ... segundo a vontade de Deus
É-nos dito que o Espírito nos assiste
em nossa fraqueza, bem como também intercede por nós com gemidos inexprimíveis,
segundo a vontade de Deus. A princípio, parece-nos que o termo “Espírito” está
se referindo ao Espírito Santo. Mas leiamos a seqüência do texto, em particular
o verso 34:
“28 Sabemos que todas as
coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito.
29 Porquanto aos que de antemão
conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
30 E aos que predestinou, a esses
também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que
justificou, a esses também glorificou.
31 Que diremos, pois, à vista
destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que não poupou o seu
próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará
graciosamente com ele todas as coisas?
33 Quem intentará acusação contra
os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os condenará? É
Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à
direita de Deus e também intercede por nós.”
Vemos que, na seqüência do texto de
Romanos, é explicado que Cristo Jesus é o que intercede por nós. Vamos colocar
agora lado a lado as afirmações sobre a ação do Espírito contida nos versos 26
e 27, e a afirmação apresentada sobre Jesus no verso 34:
“o mesmo Espírito intercede por
nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis ... segundo a
vontade de Deus” – versos 26 e 27
“É Cristo Jesus quem morreu ... e
também intercede por nós” – verso 34
O próprio contexto aclara que o Espírito que
intercede com gemidos inexprimíveis é Cristo, que intercede por nós. Disto
decorre então que Cristo também é Espírito; e sendo Espírito, pode ser chamado
como tal. Já vimos que a Bíblia confirma este entendimento (II Cor. 3:17; I
Cor. 8:6).
Se Jesus não fosse Espírito, para harmonizar o
texto de Romanos 8:27 que estamos estudando, teríamos que ter dois
intercessores: Jesus Cristo e o Espírito Santo. Entretanto, a Bíblia afirma que
só existe um mediador:
“Porquanto
há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,” - I Timóteo 2:5
O intercessor é aquele que faz a
mediação perante o Pai. Assim, nosso intercessor, Jesus Cristo, também nosso
mediador perante o Pai. Como só existe um mediador, só existe também um
intercessor que intercede pelos homens perante o Pai – Jesus Cristo. Somente
Cristo pode interceder pelo homem junto ao Pai, pois somente Ele conhece as
dificuldades do homem. Paulo, discorrendo sobre Jesus em Hebreus 4:15 confirma
isto:
“Porque não temos sumo
sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas;
antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas
sem pecado.”
No sacerdócio terrestre, homens faziam
a intercessão simbólica pelos pecadores. No santuário celestial, somente Cristo
faz a intercessão pelo homem. Na seqüência de sua carta aos Hebreus, Paulo
confirma que é Cristo quem pode interceder pelo homem:
“23 Ora, aqueles são
feitos sacerdotes em maior número, porque são impedidos pela morte de continuar;
24 este, no entanto,
porque continua para sempre, tem o seu sacerdócio imutável.
25 Por isso, também
pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles.” - Hebreus 7:23-25
O verso 25 declara expressamente que Jesus Cristo
tem o Seu sacerdócio imutável. Assim, Ele não pode ser substituído
por nenhum outro ser. Por isso, a intercessão pelo homem é feita somente por
meio dEle, e não por meio de nenhum outro. Concluímos portanto que, quando
Paulo afirmou em Romanos 8:26 que o “Espírito” intercede por nós, ele estava se
referindo a Cristo. Isto concorda com o texto de II Coríntios 3:17, que afirma
que Jesus, o Senhor (I Cor. 8:6) é Espírito:
“Ora, o Senhor é o Espírito;
e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.” - II Coríntios 3:1
5 - O
Espírito Santo perscruta as profundezas de Deus e ensina
Em I Coríntios 2:9-14, encontramos um
texto que afirma que o “Espírito” perscruta as profundezas de Deus:
“9 mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos
ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para
aqueles que o amam.
10 Mas Deus no-lo revelou pelo
Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as
profundezas de Deus.
11 Porque qual dos homens sabe as
coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as
conhece, senão o Espírito de Deus.”
O texto acima
afirma algumas coisas que podemos destacar:
1 –
“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano
o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” – verso 9;
2 –
“Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito” – verso 10;
3 –
“o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus.”
– verso 10;
4 –
“as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus” –
verso 11.
A
palavra “Deus” apresentada neste verso refere-se a Deus Pai. Isto fica claro
quando um pouco mais a frente, na mesma carta aos Coríntios, capítulo 8, Paulo
afirma:
“Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem
são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo
qual são todas as coisas, e nós também, por ele.” -- I Coríntios 8:6
Paulo
deixa claro que Deus, o Pai, revelou “aquilo que Ele tem preparado para os que
o amam” através do Espírito. Foi o Espírito que revelou as coisas de Deus. E o
Espírito revelou isto porque Ele perscruta (conhece) tudo, até mesmo as
profundezas de Deus. Paulo termina reafirmando que somente o Espírito de Deus
conhece as coisas de Deus. Agora, vamos harmonizar as palavras de Paulo com o
que Jesus disse, relatado em Mateus 11:27:
“Tudo
me foi entregue por meu Pai. Ninguém
conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a
quem o Filho o quiser revelar.”
Enquanto
Paulo dizia que ninguém além do Espírito conhece as coisas de Deus Pai (I Cor.
8:6), Jesus dizia que ninguém, além dEle, o Filho, conhecia o Pai. Temos então
que Jesus Cristo é o “Espírito”, mencionado por Paulo em II Coríntios. Isto
porque Jesus deixa claro que não existe outra pessoa que conheça o Pai senão
Ele. A afirmação de Jesus fecha a possibilidade de que houvesse qualquer outro
ser que pudesse também conhecer o Pai.
Assim,
como Paulo está afirmando que o “Espírito” conhece as coisas profundas do Pai
(portanto conhece o Pai), o “Espírito” mencionado por Paulo só pode ser Cristo.
Como já vimos no item anterior deste compêndio, Paulo mesmo afirma que Jesus é
“Espírito” (II Cor. 3:17,18; I Cor. 8:6). Entendendo que o “Espírito”
mencionado por Paulo em II Coríntios 2 é Cristo, compreendemos facilmente a
seqüência do texto – verso 12:
“12
Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus
nos foi dado gratuitamente.
13 Disto
também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito,
conferindo coisas espirituais com espirituais.”
Paulo,
no verso 12 está afirmando que ele e os discípulos tinham recebido a Cristo,
para que o conhecessem. Diz também que Cristo (o Espírito) foi dado a eles
gratuitamente. Sabemos que Cristo foi uma dádiva de Deus ao homem. A afirmação
de Paulo neste verso corrobora com o texto de João 3:16:
“Porque Deus amou ao mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna.”
Paulo
afirma também que ele e os outros discípulos falavam de Cristo em palavras
ensinadas por Ele mesmo - Cristo, o “Espírito” - no verso 13.
Finalmente,
o verso 14, Paulo coloca que o homem natural, que vive na carne, não aceita as
coisas de Cristo, porque lhe são loucura:
“Ora, o homem
natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não
pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”
A maior prova de que o homem natural não
aceita as coisas de Cristo, foi a Sua rejeição pelo povo de Israel, que
culminou com a crucifixão. A vida de abnegação, caridade e humildade, proposta
por Cristo em preceito e exemplo, era considerada loucura para os homens
daquela época e ainda o é para os homens de hoje. O homem natural não pode
discernir as vantagens de observar os mandamentos de Deus, pois está com a
mente obliterada pela mal, e aprendeu a amar o pecado.
As “coisas de Jesus Cristo”, o
“Espírito”, só se discernem espiritualmente, pois mediante a atuação do poder
de Deus em nossa vida, Ele opera em nós até o nosso “querer”, mudando nossos
gostos e ensinando-nos a amar a Sua Lei. Por isso, Paulo afirmou em sua carta
aos Filipenses:
“Porque
Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” -- Filipenses 2:13
6 – O “Espírito” se entristece
Em Efésios 4:30, Paulo recomenda o
seguinte aos Efésios:
“E não
entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes
selados para o dia da redenção.”
Aqui temos um argumento bíblico para tratar o
Espírito de Deus como uma pessoa, pois somente um ser vivo, ou uma pessoa, pode
se entristecer. Um poder não pode se entristecer. Vamos ver portanto à luz da
Bíblia a qual pessoa o texto está se referindo. No texto que apresentamos,
Paulo está afirmando que os Efésios foram “selados no Espírito
de Deus”. Este selamento ao qual Paulo se refere, havia sido mencionado já no
início de sua carta aos Efésios 1:12-14:
“12 a fim de sermos para
louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo;
13 em quem também vós,
depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo
nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa;
14 o qual é o penhor da nossa herança, ao
resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.”
Reparemos em quem Paulo afirma que os
efésios haviam sido selados:
“Cristo; em quem também vós,... fostes
selados com o Santo Espírito da promessa;” – versos 12 e 13
Paulo, no início da carta aos efésios,
afirma que eles haviam sido selados em Cristo. No capítulo 4,
ele novamente faz menção ao Ser no qual eles haviam sido selados, mencionado já
no início da carta – Jesus Cristo:
“E não
entristeçais o Espírito de Deus, no qual
fostes selados para o dia da
redenção.”
Assim, o termo “Espírito de Deus” que
aparece em Efésios 4:30, é utilizado para denominar a Cristo.
O texto de Efésios 1:12,13, afirmou que
os efésios haviam sido selados com o Santo Espírito da promessa:
“Cristo; em quem também vós,... fostes
selados com o Santo Espírito da promessa;” – versos 12 e 13
Sabemos que o Santo Espírito da promessa era o
Consolador prometido por Cristo. O Consolador, segundo as passagens bíblicas
que analisamos nos levaram a entender, é o Espírito (poder) de Deus e também é
o Espírito (poder) de Jesus Cristo
7 – O “Espírito” fala e dirige a igreja
Existem alguns textos contidos nas
cartas de Paulo que trazem o Espírito Santo como estando a falar. A fala também
é um dom atribuído a um ser vivo, independente, pois nos é difícil conceber um
poder que “fala”. Vamos analisar detidamente cada uma destas passagens,
buscando compreender quem é o Espírito por elas mencionado.
7.1) O termo
“Espírito” é apresentado como estando a “falar” no livro de I Timóteo:
“Ora,
o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da
fé, por
obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios,” - I Timóteo 4:1
Nesta passagem, Paulo afirma que o
Espírito havia dito que nos últimos dias alguns apostatariam da fé por
obedecerem a “espíritos enganadores”. O termo “espíritos enganadores” pode se
referir tanto a homens como a demônios, pois ambos possuem espírito. A Bíblia
chama repetidas vezes aos demônios de espíritos imundos (Mar. 9:25). Também
chama os homens de espíritos (I João 4:1,2; II João 7).
Coincidentemente, Jesus, assim como
Paulo afirmou, disse que nos últimos dias surgiriam espíritos enganadores e
muitos seriam enganados. Jesus inclusive advertiu os discípulos para que eles
também não fossem enganados. Este conselho é extensível inclusive a nós nestes
últimos dias. O texto está em Mateus 24:3-5:
“3 No monte das Oliveiras,
achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dele os discípulos, em
particular, e lhe pediram: Dize-nos
quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação
do século.
4 E ele lhes respondeu: Vede que
ninguém vos engane.
5 Porque virão muitos em meu nome, dizendo:
Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos.”
Assim, vemos que Cristo, o Espírito (II
Cor. 3:17,18), havia afirmado expressamente que nos últimas dias viriam
espíritos enganadores e inclusive alguns da fé seriam enganados, conforme Paulo
disse em I Timóteo 4:1. Assim, o termo “Espírito” mencionado por Paulo em I
Timóteo 4:1, se refere a Cristo.
7.2) O termo “Espírito” também é apresentado como
estando a falar no livro de Hebreus
Em Hebreus 3:7, é apresentado o termo “Espírito
Santo” como estando a dizer algo:
“7 Assim, pois, como diz o Espírito Santo:
Hoje, se ouvirdes a sua voz,
8 não endureçais o vosso coração
como foi na provocação, no dia da tentação no deserto,
9 onde os vossos pais me tentaram,
pondo-me à prova, e viram as minhas obras por quarenta anos.
10 Por isso, me indignei contra
essa geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram
os meus caminhos.
11 Assim, jurei na minha ira: Não entrarão
no meu descanso.”
Esta passagem refere-se ao que foi dito no velho
testamento por Jesus, O SENHOR dos Exércitos, o anjo que ia à frente do povo de
Israel, em Salmos 95:6-11:
“6 Vinde, adoremos e
prostremo-nos; ajoelhemos
diante do SENHOR, que nos criou.
7 Ele é o nosso Deus, e nós, povo
do seu pasto e ovelhas de sua mão. Hoje, se ouvirdes a sua voz,
8 não endureçais o coração, como
em Meribá, como no dia de Massá, no deserto,
9 quando vossos pais me tentaram,
pondo-me à prova, não obstante terem visto as minhas obras.
10 Durante quarenta anos, estive desgostado
com essa geração e disse: é povo de coração transviado, não conhece os meus
caminhos.
11 Por isso, jurei na minha ira:
não entrarão no meu descanso.”
Salmos 95:6-11
De acordo com a Bíblia, Jesus Cristo é o SENHOR
mencionado no texto de Salmos apresentado acima (I Cor. 8:6).
Percebemos que o texto utilizado em Hebreus 3:11 é o
mesmo de Salmos 95:11:
11 Assim, jurei na minha ira: Não entrarão
no meu descanso. Salmos 95:6-11
11 Por isso, jurei na minha ira:
não entrarão no meu descanso Hebreus 3:11
Portanto, Hebreus 3:7 está afirmando que o “Espírito
Santo” proferiu as palavras que em verdade foram escritas por Jesus Cristo.
Então, o termo “Espírito Santo” de Hebreus 3:7, só pode estar se referindo a
Cristo.
O espírito de profecia concorda com este
entendimento, pois afirma que Jesus Cristo era o “SENHOR” do povo de Israel,
que proferiu as palavras mencionadas em Salmos:
“Desde o pecado de nossos primeiros pais, não tem
havido comunicação direta entre Deus e o homem. O Pai entregou o mundo nas mãos
de Cristo, para que por Sua obra mediadora remisse o homem, e reivindicasse a
autoridade e santidade da lei de Deus. Toda
a comunhão com a raça decaída tem sido por meio de Cristo. Foi o Filho de
Deus que fez a nossos primeiros pais a promessa de redenção. Foi Ele que Se
revelou aos patriarcas. Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó e Moisés compreenderam
o evangelho. ...
Cristo não somente foi o guia dos hebreus no deserto
– o Anjo em quem estava o nome de Jeová, e que, velado na coluna de nuvem, ia
diante das hostes – mas foi também Ele que deu a Israel a lei. Por entre a tremenda glória do Sinai, Cristo
declarou aos ouvidos de todo o povo os dez preceitos da lei de Seu Pai. Foi Ele
que deu a Moisés a lei gravada em tábuas de pedra.
Foi Cristo que falou a Seu povo por intermédio dos
profetas. Escrevendo à igreja cristã, diz o apóstolo Pedro que
os profetas “profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou
ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava,
anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a
glória que se lhes havia de seguir”. I Pedro 1:10 e 11. É a voz de Cristo que nos fala
através do Velho Testamento. “O
testemunho de Jesus é o Espírito de Profecia.” Apocalipse 19:10” -- Patriarcas
e Profetas, págs. 366-367
Assim, fica claro também pelo espírito de profecia
que o “Espírito Santo” mencionado no capítulo 3 de Hebreus é Jesus. O mesmo que
ocorre em Hebreus capítulo 3, que acabamos de analisar, ocorre também em
Hebreus capítulo 10, quando Paulo cita as palavras ditas pelo Senhor, Jesus
Cristo (I Cor. 8:6), como tendo sido ditas pelo “Espírito Santo”:
“15 E disto nos dá testemunho também o
Espírito Santo; porquanto, após ter dito:
16 Esta
é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu
coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei,
17 acrescenta: Também de nenhum
modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades, para sempre” Hebreus
10:15-17
Assim, em Hebreus 10:15-17 também temos o termo
“Espírito Santo” se referindo a Jesus Cristo.
7.3) O termo “Espírito” aparece como estando a falar
e a dirigir a igreja por diversas vezes no livro de Atos
“E, servindo
eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora,
Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado.” Atos 13:2
Segundo a Bíblia (I Cor. 8:6), há um só Senhor,
Jesus Cristo. Assim sendo, o texto de Atos está dizendo que os apóstolos
estavam servindo a Jesus, quando então Ele (Jesus) disse: Separai-me,
agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. É Jesus quem envia
os homens para a obra, e foi Ele quem chamou a Saulo e a Barnabé para a Sua
obra. A continuação deste texto de Atos deixa isto mais claro – verso 4:
“4 Enviados, pois, pelo Espírito
Santo, desceram a Selêucia e
dali navegaram para Chipre.”
Compare o texto acima com o texto de
Lucas 10:1,3:
“1 Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para
que o precedessem em cada cidade e lugar aonde ele estava para ir.
3 Ide! Eis que eu vos envio como cordeiros
para o meio de lobos.”
Não nos esqueçamos que o Senhor é Jesus (I Cor.
8:6). É o Senhor Jesus que separa os homens para a Sua obra. O texto de Atos
que lemos mostra Jesus, chamado nesta ocasião de Espírito Santo, enviando Saulo
e Barnabé para a Sua obra. O próprio apóstolo Paulo (que teve seu nome mudado
de Saulo para Paulo por Jesus), mais a frente no livro de Atos deixa bem
explícito que o “Espírito Santo” que separava os homens para o Seu serviço era
Jesus Cristo – Atos20:28:
“Atendei por vós e por todo o rebanho
sobre o qual o Espírito
Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu
próprio sangue.” Atos 20:28
Sabemos que quem comprou a igreja de Deus com Seu
próprio sangue foi Jesus Cristo. A Bíblia afirma expressamente que Cristo é o
cabeça da igreja:
“Porque o marido é o cabeça da mulher, como
também Cristo é o cabeça da
igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo.” Efésios 5:23
“Ele é a cabeça do corpo, da igreja.
Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas
ter a primazia” Colossenses 1:18
A Bíblia representa a Cristo como sendo o cabeça da
igreja, para que entendamos Sua relação para com ela. Assim como a cabeça
comanda todos os movimentos do corpo e comissiona os membros a agirem de acordo
com a sua vontade, Cristo, como cabeça da igreja, comanda os homens que compõem
Sua igreja e os comissiona para fazerem Sua vontade. Como cabeça, Cristo também
dirige Sua verdadeira igreja (quando esta se dispõe a ser dirigida por ele), e
comunica a ela Suas decisões para que sejam executadas.
O texto de Atos 20:28, que vimos acima, denomina a
Jesus Cristo, o cabeça da igreja, de Espírito Santo. E não somente nesta
passagem, mas em diversas outras passagens no livro de Atos, apresenta o termo
Espírito Santo denominando Cristo quando Este está conduzindo Sua igreja a
fazer a Sua vontade. Mencionamos abaixo algumas destas passagens:
“Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas
essenciais:” Atos 15:28
“E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito
Santo de pregar a palavra na
Ásia, defrontando Mísia, tentavam
ir para Bitínia, mas o Espírito
de Jesus não o permitiu.” Atos 16:6, 7
“E, agora, constrangido em meu espírito, vou para
Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de cidade em
cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações.” Atos
20:22,23
“Encontrando os discípulos, permanecemos lá
durante sete dias; e eles, movidos
pelo Espírito, recomendavam a Paulo que não fosse a Jerusalém. e, vindo ter conosco, tomando o cinto
de Paulo, ligando com ele os próprios pés e mãos, declarou: Isto diz o Espírito Santo: Assim os
judeus, em Jerusalém, farão ao dono deste cinto e o entregarão nas mãos dos
gentios.” Atos 21:4, 11
“24 Houve alguns que ficaram persuadidos
pelo que ele dizia; outros, porém, continuaram incrédulos.
25 E, havendo discordância entre eles,
despediram-se, dizendo Paulo estas palavras: Bem
falou o Espírito Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías, quando
disse:
26 Vai a este povo e dize-lhe: De ouvido,
ouvireis e não entendereis;
vendo, vereis e não percebereis.
27 Porquanto o coração deste povo se tornou
endurecido; com os ouvidos ouviram tardiamente e fecharam os olhos, para que
jamais vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, para que não entendam com
o coração, e se convertam, e por mim sejam curados.” Atos 28:24-27
Nos textos que apresentamos acima, o termo “Espírito
Santo” é atribuído a Jesus Cristo, quando dirigindo e exortando Sua igreja.
Jesus Cristo é o “Espírito Santo que comprou a igreja de Deus com Seu sangue”
(Atos 20:28), e por isso é o cabeça da igreja, Aquele que a dirige.
Jesus também cumpre Sua função como cabeça da igreja
quando distribui Seu poder (Espírito) aos Seus seguidores. Isto está explícito
na passagem que apresentamos a seguir:
“E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e
vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos
velhos;até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.”
Atos 2:17, 18
No texto acima, Pedro, referindo-se a Jesus, afirma
que Ele havia dito que derramaria do Seu Espírito sobre toda a carne. Quando
afirmou isto, Pedro estava se referindo à promessa do Consolador, que Jesus
havia feito aos discípulos. Aqui fica bem evidente que o Consolador era também
o próprio Espírito (poder) de Cristo (já estudamos anteriormente que o
Consolador era também o poder do Pai). Vemos então que Jesus estava cumprindo
Sua função como cabeça da igreja ao ter distribuído Seu Espírito para os
discípulos.
O conceito de que Jesus Cristo, o Espírito (II Cor.
3:17; I Cor. 8:6) é o cabeça da igreja, é fortalecido no entendimento de Atos
5:3, 9:
“Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu
Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito
Santo, reservando parte do valor do campo? Tornou-lhe Pedro: Por que entrastes em
acordo para tentar o Espírito
do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e eles
também te levarão.” Atos 5:3, 9
Os dois versos que
apresentamos acima tratam do episódio no qual Ananias e Safira tentaram enganar
aos discípulos. Eles haviam vendido sua propriedade por um preço haviam se
proposto a dar todo o valor obtido na venda para a obra de Deus. Quando a
venderam, perceberam que haviam obtido na venda mais dinheiro do que imaginavam
obter. Assim, resolveram dar somente uma parte, mas disseram aos apóstolos que
estavam doando todo o valor obtido com a venda.
Logo que Ananias
veio a Pedro e proferiu esta mentira, Pedro disse a ele que ele não estava mentindo
para os apóstolos, que eram parte do corpo da igreja, mas sim para o cabeça da
igreja – Cristo. No verso 3, Pedro chama a Cristo de Espírito Santo. Contudo, no
verso 9, Pedro é claro ao dizer para a esposa de Ananias – Espírito do Senhor.
Como sabemos que, segundo a Bíblia, há um só Senhor,
Jesus Cristo (I Cor. 8:6), percebemos que ao dizer a Ananias e Safira que eles
estavam mentindo para o Espírito Santo e tentando o Espírito do Senhor, em
realidade Pedro estava dizendo que eles estavam tentando o Espírito de Cristo,
e mentindo para Cristo. Percebemos portanto, a utilização do termo “Espírito
Santo” como se referindo a Cristo, o cabeça, quando conduzindo Sua igreja, o
corpo
8 - Espírito dos profetas
No primeiro capítulo do evangelho segundo Lucas, encontramos
a seguinte citação:
“13 Disse-lhe, porém, o anjo:
Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te
dará à luz um filho, a quem darás o nome de João.
14 Em ti haverá prazer e alegria,
e muitos se regozijarão com o seu nascimento.
15 Pois ele será grande diante do
Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do
ventre materno.
16 E converterá muitos dos filhos
de Israel ao Senhor, seu Deus.
17 E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias,
para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à
prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado.” Lucas 1:15-17
Nesta passagem de Lucas, o anjo Gabriel está
anunciando ao sacerdote Zacarias o nascimento de João Batista, cuja obra de
pregação abriria o coração dos judeus para receberem o Messias – Jesus Cristo.
A respeito de João Batista, Gabriel diz:
“Será cheio do Espírito Santo, já do
ventre materno” – verso 15.
Segundo o relato de Gabriel, João Batista seria
cheio do Espírito Santo. Mas quem é o Espírito Santo mencionado por Gabriel?
Na continuação do texto de Lucas temos uma pista:
“E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias”
– verso 17.
Gabriel afirma que o Espírito Santo que
encheria João desde antes de seu nascimento era o mesmo que trabalhou em Elias.
Sobre o espírito que estava em Elias, a Bíblia traz algumas referências. Delas,
vemos duas que podemos fazer menção. A primeira está em II Reis 18:12:
“12 Poderá ser que,
apartando-me eu de ti, o
Espírito do SENHOR te leve
não sei para onde, e, vindo eu a dar as novas a Acabe, e não te achando ele, me
matará; eu, contudo, teu servo, temo ao SENHOR desde a minha mocidade.” II Reis 18:12
Nesta passagem, Obadias, o mordomo de Acabe, relata
para Elias o temor que ele possuía de que o “Espírito do SENHOR” o levasse. Já
estudamos que o termo “SENHOR” na Bíblia se refere a Cristo (I Cor. 8:6).
Assim, o “Espírito do SENHOR” se refere ao Espírito de Cristo. Agora, nos
caberia responder a seguinte pergunta:
“Seria o Espírito de Cristo uma pessoa independente
dEle?”
Deixemos que a Bíblia seja seu próprio intérprete.
Em II Coríntios 3:17 e 18, temos:
“17 Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí
há liberdade.
18 E todos nós, com o rosto desvendado,
contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de
glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.”
A Bíblia está dizendo que:
- “O Senhor é o Espírito”.
Já estudamos que o
termo “SENHOR” se refere a Cristo. Então, temos que se o SENHOR é Espírito,
Cristo é Espírito. Portanto, neste caso, o Espírito do SENHOR, ou Espírito de
Cristo, não é outra pessoa senão o próprio Cristo, segundo a Bíblia.
Existe um outro texto que fala sobre o espírito que
repousava sobre Elias (e, portanto, repousaria também em João Batista) de forma
mais clara. Ele está em II Reis 2:14-15:
“14 Tomou o manto que Elias lhe
deixara cair, feriu as águas e disse: Onde está o SENHOR, Deus de Elias? Quando
feriu ele as águas, elas se dividiram para um e outro lado, e Eliseu passou.
15 Vendo-o, pois, os discípulos
dos profetas que estavam defronte, em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre
Eliseu. Vieram-lhe ao encontro e se prostraram diante dele em terra.” II Reis 2: 14-15
O relato de II Reis esclarece que Eliseu recebeu
porção dobrada do espírito de Elias. Eliseu era profeta, assim como Elias era
profeta. Eliseu foi, em verdade, o profeta sucessor imediato de Elias. Para
saber qual era o espírito que atuava em Elias e Eliseu, seria importante
descobrirmos pela Bíblia quem concedia este espírito aos profetas. Mais uma
vez, deixemos que a Bíblia seja sua própria intérprete. Apocalipse 22 nos
relata isto:
“6 Disse-me ainda: Estas palavras são
fiéis e verdadeiras. O Senhor,
o Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu anjo para mostrar aos seus
servos as coisas que em breve devem acontecer.” Apocalipse 22:6
O texto bíblico afirma que o SENHOR, que sabemos ser
Jesus, é o Deus dos espíritos dos profetas. Este texto aparece no último livro da Bíblia, o
Apocalipse, e afirma que o espírito de todos os profetas foi dado por Jesus. O
fato de Jesus afirmar para João, o escritor do Apocalipse, que Ele é o Deus dos
espíritos dos profetas, implica que Ele é o Deus não somente dos espíritos dos
profetas contemporâneos ao apóstolo João, mas o Deus dos espíritos de todos os
profetas de todos os tempos, pois Jesus é aquele “que era, que é e que há de
vir”(Apoc. 1:4). Assim, Jesus também é o Deus do espírito de Elias e de João
Batista. É Ele quem concede o espírito ao profeta, para este tenha poder. Por
isto o texto de Lucas fala que João Batista viria “no espírito e poder de
Elias”.
O espírito que Jesus concedeu a Elias era
o poder que tanto capacitava o profeta para a pregação quanto operava milagres.
Quando Elias exercia fé em Jesus, Ele, através do Seu poder, operava os
milagres. Isto se exemplifica na ressurreição do filho da viúva de Sarepta,
narrada em I Reis 17:19-24:
“19 Ele lhe disse: Dá-me o teu
filho; tomou-o dos braços dela, e o levou para cima, ao quarto, onde ele mesmo
se hospedava, e o deitou em sua cama;
20 então,
clamou ao SENHOR e disse: Ó SENHOR, meu Deus, também até a esta viúva, com quem
me hospedo, afligiste, matando-lhe o filho?
21
E, estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou
ao SENHOR e disse: Ó SENHOR, meu Deus, rogo-te que faças a alma deste menino
tornar a entrar nele.
22 O SENHOR atendeu à voz de Elias; e
a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu.
23 Elias
tomou o menino, e o trouxe do quarto à casa, e o deu a sua mãe, e lhe disse:
Vê, teu filho vive.
24
Então, a mulher disse a Elias: Nisto conheço agora que tu és homem de Deus e
que a palavra do SENHOR na tua boca é verdade.”
Perceba como o milagre da ressurreição
do menino foi realizado:
“21 E, estendendo-se três vezes
sobre o menino, clamou ao
SENHOR e disse:
Ó SENHOR, meu Deus, rogo-te que faças a alma deste menino tornar a entrar nele.
22 O SENHOR atendeu à voz de Elias;
e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu.”
No verso 21 está escrito que Elias orou
ao Senhor Jesus. Jesus então ouviu a oração de Elias e mediante o Seu espírito
ressuscitou o menino. Sabemos que foi o poder de Jesus, que ressuscitou o
menino. Decorre então que o “espírito” dado por Jesus a Elias, que o capacitava
a realizar milagres como este, era o Seu poder (poder de Jesus). Assim, temos o
espírito de Elias era o poder de Jesus concedido a Elias:
ESPÍRITO DE ELIAS = PODER DE JESUS
CONCEDIDO A ELIAS (atendendo às suas orações de fé)
Já estudamos que Jesus é o Deus dos
“espíritos” dos profetas (Apoc. 22:6). Então, o espírito dos profetas também é
o poder de Jesus concedido aos profetas:
ESPÍRITO DOS PROFETAS = PODER DE JESUS
CONCEDIDO AOS PROFETAS (atendendo às suas orações de fé)
Agora que compreendemos o que era o
poder de Elias segundo a Bíblia, podemos voltar ao texto de Lucas capítulo
1:
“13 Disse-lhe, porém, o anjo:
Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará
à luz um filho, a quem darás o nome de João.
14 Em ti haverá prazer e alegria,
e muitos se regozijarão com o seu nascimento.
15 Pois ele será grande diante do
Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do
ventre materno.
16 E converterá muitos dos filhos
de Israel ao Senhor, seu Deus.
17 E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias,
para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à
prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado.” Lucas 1:13-17
Vimos anteriormente que o Espírito Santo, citado no verso
15, é descrito como sendo o mesmo espírito que foi dado a Elias (verso 17).
Quanto ao espírito de Elias, verificamos que este era o poder de Jesus
concedido ao profeta atendendo às suas orações de fé. Assim, o “Espírito Santo”
citado em Lucas 1:15 é o poder de Jesus, que já havia operado mediante as
orações de fé de Elias e estaria operando em João Batista. Como Jesus, segundo
o Apocalipse, é o Deus dos Espíritos dos profetas (Apoc. 22:6; I Pe. 1:10,11),
Ele enviou Seu Espírito Santo não somente a João Batista, mas também a todos os
profetas. O espírito de profecia corrobora com este entendimento:
Foi Cristo que falou a Seu povo por intermédio dos
profetas. Escrevendo à igreja cristã, diz o apóstolo Pedro que os profetas “profetizaram da graça
que vos foi dada, indagando que tempo ou ocasião de tempo o Espírito de Cristo,
que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a
Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir”. I Pedro 1:10 e
11. É a voz de Cristo que nos
fala através do Velho Testamento. “O
testemunho de Jesus é o Espírito de Profecia.” Apocalipse 19:10” -- Patriarcas
e Profetas, págs. 366-36
9 – A fórmula batismal
De Mateus 28:19, temos o seguinte texto:
“19 Ide, portanto, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho,
e do Espírito Santo;” Mateus 28:19
Este texto por si só não nos dá base para crermos
que o Espírito Santo é uma pessoa. Para compreendermos isto vamos dar um
exemplo simples:
Ao ir para uma guerra, o soldado poderia fazer o
seguinte juramento:
“Juro, em nome do Presidente da nossa nação
e da Pátria amada que ele representa que defenderei nossos ideais e
nosso País com minha própria vida!”
Vejam que o juramento foi feito em nome de uma
pessoa (o presidente) e da Pátria, que não é uma pessoa. Apenas mais um
exemplo. O policial, ao prender o bandido diz:
“Você está preso em nome da lei!”
O fato de o policial ter citado a palavra nome não
significa que a lei seja uma pessoa. O mesmo ocorre no texto bíblico de Mateus
28:19:
“Batizando-os em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo;”
O fato de ser utilizada a palavra “nome”, não
significa que os três termos mencionados a seguir – Pai, Filho e Espírito
Santo, são uma pessoa. O Espírito Santo aqui pode ser trazido denominando o
poder de Deus Pai e de Jesus, o Filho, e ainda assim a frase não perde o seu
sentido:
“Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
poder do Pai e do Filho”, ou ainda poderia ser assim:
“Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
poder de ambos”
Estas duas versões não estariam fugindo ao
contexto. Este argumentos podem ser considerados todos como conjectura. Vamos
então analisar um texto bíblico, para esclarecer melhor a questão – Atos
19:1-3:
“1 Aconteceu que, estando
Apolo em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso
e, achando ali alguns discípulos,
2 perguntou-lhes: Recebestes,
porventura, o Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo
contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo.
3 Então, Paulo perguntou: Em
que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João.” Atos 19:1-3
O texto relata alguns discípulos que tinham sido
batizados por João Batista. João Batista foi o precursor de Cristo. Foi ele
quem batizou o próprio Cristo; portanto, o batismo de João Batista é válido,
pois Cristo, o nosso exemplo, foi batizado neste batismo. A Bíblia não deixa
dúvidas de que este batismo era ratificado pelo Céu como prova da sua validade,
pois o próprio Jesus afirmou:
“25 Donde era o batismo de João,
do céu ou dos homens? E discorriam entre si: Se dissermos: do céu, ele nos
dirá: Então, por que não acreditastes nele?
26 E, se dissermos: dos homens, é para temer
o povo, porque todos consideram João como profeta.” Mateus
21:25,26
O texto de Lucas confirma que o batismo de João era
de Deus:
“Todo o povo que o ouviu e até os
publicanos reconheceram a justiça de Deus, tendo sido batizados com o batismo
de João;” Lucas 7:29
Assim, temos que, quando Paulo encontrou os
discípulos que haviam sido batizados no batismo de João, sabia que este era
reconhecido pelo Céu. Entretanto, quando o mesmo Paulo perguntou se eles receberam
o Espírito Santo quando foram batizados, ouviu a surpreendente resposta:
“Nem mesmo ouvimos que existe
o Espírito Santo.” – verso 2.
Aqueles que receberam o batismo de João (o mesmo
batismo no qual Cristo foi batizado), nem sequer haviam ouvido falar que
existia o Espírito Santo. Se João Batista batizasse em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo, logicamente aqueles discípulos já teriam ouvido falar no
Espírito Santo, pois eram discípulos de João, e João batizava quase todos os
dias, daí ser ele chamado de “batista”. Assim, se João não batizava em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo, Jesus também não foi batizado em nome dos
três.
Portanto, caso queiramos usar o texto de Mateus
28:19 para apoiar que o Espírito Santo é uma pessoa, teríamos que assumir que
esta pessoa passou a existir, ou ter autoridade, depois da ressurreição de
Jesus, quando Ele então mandou batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Mesmo se assim o fosse, não poderíamos considerar o Espírito Santo como
um Deus, pois neste caso ele não seria eterno, e Deus é eterno. Além disso, a
Bíblia afirma expressamente que há um só Deus, o Pai, e um só Senhor, Jesus
Cristo (I Cor. 8:6).
Note-se que um texto não pode invalidar
outro, ou seja, João não menciona o Espírito Santo, enquanto que Jesus
claramente ordena o batismo em nome dos três. Há uma “aparente” contradição
entre os textos bíblicos? Não, pois o que estamos frisando é a inexistência do
Espírito Santo como pessoa e não como poder. Assim, tanto o batismo de João
quanto o batismo ordenado por Jesus são válidos e complementares.
A promessa do Salvador era de que o
Consolador, o Espírito da Verdade, seria concedido aos discípulos após o
Pentecostes. Vemos então que João não poderia mencionar o Espírito Santo, pois
a promessa para o recebimento do mesmo estava no futuro. O mesmo não ocorreu
com Jesus, que ciente da promessa do Pai (a vinda do Consolador), ordenou, na
certeza do cumprimento da promessa, que os discípulos batizassem em nome do
Pai, dEle (o Filho) e do poder de ambos (o Consolador, o Espírito Santo).
Percebemos portanto que o texto de Mateus 24:19 não
se refere ao Espírito Santo como sendo uma pessoa, pois a Escritura afirma
claramente que foram vistas línguas de fogo quando a promessa do Consolador foi
cumprida e os discípulos receberam o Espírito Santo (Atos 2:3-4, 32-33, 37-38)
10 – A comunhão (II Coríntios 13:13)
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o
amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.”
II Coríntios 13:13
Paulo, em sua segunda carta aos coríntios, deseja a
eles que a comunhão do Espírito Santo com eles esteja. O que representa o termo
“Espírito Santo” mencionado aqui por Paulo? Ao lermos toda a segunda carta de
Paulo, poderemos ter uma idéia mais clara, pois afinal o verso que estamos
lendo acima é o último verso desta carta. Sendo o último, naturalmente está
fundamentado no pensamento tratado nos capítulos anteriores desta própria
carta, ou mesmo da primeira carta aos coríntios. Na primeira carta de Paulo aos
Coríntios, encontramos o seguinte texto:
“Fiel é Deus, pelo qual fostes
chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.” I
Coríntios 1:9:
Em sua primeira carta aos coríntios, Paulo afirmou
que eles haviam sido chamados à comunhão de Jesus Cristo. Na segunda carta,
Paulo os exorta à reconciliação com Deus, para que pudessem ter novamente
comunhão com Ele:
“18 Ora, tudo
provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e
nos deu o ministério da reconciliação,
19 a saber, que Deus
estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as
suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
20 De sorte que somos
embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso
intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis
com Deus.” II
Coríntios 5:18-20
Paulo roga aos coríntios, em nome de Jesus, que se
reconciliem com Deus Pai e possam novamente ter comunhão com Ele. Isto fica
explícito quando lemos a seqüência da carta, na qual Paulo, que já havia
admoestado os coríntios para que se reconciliassem a Deus Pai e tivessem
comunhão com Ele, adverte-os para que não tenham comunhão com os incrédulos:
“14 Não vos ponhais em jugo
desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça
e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?
15 Que harmonia, entre Cristo e o
Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo?
16 Que ligação há entre o
santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como
ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles
serão o meu povo.” II Coríntios 6:14-16
Nos versos acima, vemos que, além de admoestar os
coríntios a não se porem em comunhão com os incrédulos, Paulo mostra que ao se
afastarem dos incrédulos, eles poderão gozar também não só da comunhão do Pai,
mas também do Filho, o Senhor (I Cor. 8:6):
“17 Por isso, retirai-vos do
meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos
receberei,
18 serei vosso Pai, e vós sereis
para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.” II Coríntios 6:17-18
Percebemos, portanto, que em sua segunda carta aos
coríntios Paulo estava chamando-os à comunhão com o Pai e com o Filho. O final
de sua carta, portanto, deve somente concordar com o raciocínio apresentado em
seu meio. Se a carta, na saudação final, contradissesse o que afirmou em seu
meio, esta não teria nexo e certamente cairia em descrédito. Assim, podemos com
segurança entender que no último verso de sua carta (II Coríntios 13:13), ao
mencionar a comunhão do “Espírito Santo”, Paulo estava se referindo à comunhão
com o Pai e com o Filho. Este entendimento corrobora com o que o apóstolo João
escreveu:
“O que temos visto e ouvido anunciamos também a
vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a
nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.” I João
1:3
Assim, entendemos tanto pela análise do contexto da passagem quanto pela
comparação com outras passagens bíblicas que a “comunhão do Espírito Santo”, a
qual se refere o texto bíblico de II Cor. 13:13 é a comunhão com Deus Pai e com
Seu Filho Jesus Cristo.
11 – A “santificação do Espírito”
“Eleitos, segundo a presciência de
Deus Pai, em santificação do
Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e
paz vos sejam multiplicadas.”
I Pedro 1:2
Esta
passagem traz o termo “santificação do Espírito”. O que é santificação do
Espírito? Gálatas 3:2-6 nos revela:
“2 Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras
da lei ou pela pregação da fé?”
Aqui,
Paulo comenta sobre o Espírito Santo da promessa, o Consolador, o qual segundo
a Bíblia (como vimos anteriormente), representa o poder de Deus concedido aos
homens para fazer a Sua obra.
“3 Sois
assim insensatos que, tendo
começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?
4
Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão.”
Paulo
afirma que a santificação, que é o aperfeiçoamento do caráter, deve ser também
pelo Espírito, o mesmo Consolador que foi recebido em cumprimento da promessa
de Jesus. Em seguida, Paulo deixa claro que está se referindo ao termo
“Espírito”, que é o agente santificador, como sendo não o próprio Deus, mas sim
o poder de Deus:
“5 Aquele,
pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós,
porventura, o faz pelas obras
da lei ou pela pregação da fé?
6 É o caso
de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.”
Assim,
o “Espírito” que promove a santificação é o poder de Deus que atua em nós.
Então o termo “santificação do Espírito” apresentado em I Pedro 1:2 é usado
para representar o poder de Deus, atuante na obra de aperfeiçoamento do
caráter. Segundo a Bíblia, Cristo também opera a santificação:
“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da
parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,” 1 Coríntios
1:30
Jesus
Cristo também é Espírito (II Cor. 3:17,18; I Cor. 8:6), e por meio de Seu
Espírito (poder) opera em nós a santificação junto com Deus, o Pai. O texto
acima diz que Ele mesmo se fezsantificação.
Assim, o termo “Espírito” mencionado em Gálatas é o poder santificador procede
do Pai e de Seu Filho Jesus. Por conseqüência, o termo “santificação do
Espírito” mencionado em I Pedro 1:2 representa a ação do poder de Deus para o
aperfeiçoamento do homem.
O texto de II Tessalonissences 2:13 também traz o
termo “santificação do Espírito”. Mas como já compreendemos o que significa
este termo pela análise de I Pedro 1:2, entendemos que é desnecessário comentar
esta segunda passagem.
12 - O pecado contra o Espírito Santo
Mateus 12:31,32 apresenta a seguinte citação:
“31 Por isso, vos declaro: todo
pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito
não será perdoada.
32 Se alguém proferir alguma
palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito
Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.” Mateus 12:31,32
Jesus disse isto quando os fariseus estavam
comentando que Ele expulsava os demônios pelo poder de Belzebu (Satanás), o
maioral dos demônios. O evangelho de Marcos, relatando a mesma história, nos
deixa isto mais claro:
“22 Os escribas, que haviam
descido de Jerusalém, diziam: Ele está possesso de Belzebu. E: É pelo maioral
dos demônios que expele os demônios.
28 Em verdade
vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as
blasfêmias que proferirem.
29 Mas aquele que blasfemar contra o
Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado
eterno.
30 Isto, porque diziam: Está
possesso de um espírito imundo.” Marcos 3:22-30
Jesus acusou os fariseus de estarem pecando contra o
Espírito Santo, porque eles estavam atribuindo a Satanás o poder pelo qual Ele expulsava os demônios.
Sabemos que Jesus expulsava os demônios pelo poder de Deus. Note-se que os
fariseus sabiam estavam completamente convencidos de que Jesus operava Suas
obras pelo poder de Deus. Isto explícito na afirmação de Nicodemos, um dos
fariseus, que fala em nome deles:
“Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse:
Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de
Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com
ele.” João 3:2
O texto deixa claro que:
- Os fariseus estavam convencidos que Jesus
fazia Suas obras pelo poder de Deus;
- A ênfase
é dada aos sinais, ou milagres, demonstrando que era o Espírito (poder) de Deus
que operava por meio de Jesus.
Assim, os fariseus, quando disseram que Jesus
expulsava os demônios por Belzebu estavam pecando contra o Espírito Santo
porque estavam atribuindo o poder de Deus a Satanás. Jesus deixou claro que o
pecado contra o Espírito Santo reside em atribuir a Satanás a obra realizada
pelo poder de Deus. Entendendo isso, percebemos que o termo “Espírito Santo”,
mencionado em Mateus 12:31,32, refere-se ao poder de Deus. O Espírito de
Profecia corrobora com este entendimento obtido pela análise bíblica, relativo
ao pecado contra o Espírito Santo:
“Que constitui o pecado contra o Espírito
Santo? – Está em voluntariamente atribuir a Satanás a obra do Espírito Santo.
... É por meio do Seu Espírito
que Deus opera no coração humano;e quando o homem voluntariamente rejeita o
Espírito, e declara ser o de Satanás, intercepta o conduto por meio do qual
Deus Se pode comunicar com ele.” Testemunhos
Seletos, Vol. II, pág. 265
13 – O Espírito Santo e o ministério dos
anjos
“Então, disse o Espírito a
Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o. Quando saíram da água,
o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, não o vendo mais o
eunuco; e este foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo.” Atos 8:29,
39
A passagem acima apresenta que o “Espírito” disse a
Filipe para se aproximar do carro do eunuco. Quem é este “Espírito”? O verso 26
do mesmo capítulo nos aclara:
“Um anjo do Senhor falou a
Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho que
desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e foi.”
Atos 8:26
O “Espírito”, que disse a Filipe para se aproximar
do carro do eunuco, foi o mesmo que disse a Filipe para se dirigir “para o lado
do Sul, no caminho que desce de Jerusalém”. E este era o anjo de Deus. Decorre
então que o termo “Espírito”, ali mencionado, refere-se ao anjo comissionado
para guiar Filipe até o eunuco.
Este entendimento, de que o Espírito ali mencionado
refere-se a um anjo, é o mesmo trazido pelo espírito de profecia. Ellen G.
White afirmou o seguinte a respeito desta passagem:
“Um anjo guiou Filipe àquele que procurava a
luz, e que estava tão pronto para receber o evangelho; e hoje anjos
guiarão os passos dos obreiros que permitam ao Espírito Santo santificar-lhes a
língua, educar e enobrecer-lhes o coração. O anjo enviado a Filipe
poderia ter ele próprio feito a obra pelo etíope, mas esta não é a maneira de
Deus agir. É Seu plano que os homens trabalhem por seus semelhantes.” Atos
dos Apóstolos, pág. 109.
O texto deixa claro que foi o anjo quem guiou
Filipe até o eunuco. Para chegar até o eunuco, Filipe deveria não somente
chegar até perto do carro, mas devia ser mesmo guiado até o próprio carro do
eunuco, para que o encontrasse. Então também foi o anjo que disse a Filipe para
se aproximar do carro do eunuco, pois o anjo não guiaria Filipe somente até a
metade do caminho. A Bíblia afirma que foi o “Espírito” que disse a Felipe para
chegar-se ao carro. Decorre então que o termo “Espírito”, ali mencionado,
refere-se ao anjo comissionado para guiar Filipe até o eunuco.
O “Espírito do Senhor” que o arrebatou, mencionado
no verso 39, é o Espírito (poder) de Cristo, o único Senhor segundo a Bíblia (I
Cor. 8:6) conforme já estudamos.
“Enquanto meditava Pedro acerca da visão,
disse-lhe o Espírito: Estão aí dois homens que te
procuram; Então, o Espírito me disse que eu fosse com
eles, sem hesitar. Foram comigo também estes seis irmãos; e entramos na casa
daquele homem.” Atos 10:19; 11:12
“13 Ora, a qual dos anjos jamais
disse: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por
estrado dos teus pés?
14 Não são todos eles espíritos ministradores, enviados
para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” Hebreus 1:13-14
Reflexão Final
Segundo a Bíblia, Deus é “um”. Mas a Bíblia afirma
que Deus é um porque o Pai e o Filho são “um”. Isto é comprovado por uma série
de passagens bíblicas:
“11 Já não estou no mundo, mas eles
continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo,
guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como
nós.
22 Eu lhes tenho transmitido a
glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos;” João 17:11, 22
“29 Aquilo que
meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.
30 Eu e o Pai somos um.” João 10:30
Jesus, afirmou expressamente que Ele e Seu Pai são
um. Ele não inclui a nenhum outro. Se Ele não incluiu, tampouco nós o podemos.
Além disso, Jesus afirmou que ninguém conhecia ao Pai senão Ele:
“Tudo me foi entregue por meu
Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o
Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” Mateus 11:27
Além de dizer que Ele e Seu Pai são “um”, Jesus
afirma expressamente que ninguém conhece o Pai senão Ele e aquele a quem o Ele
o quiser revelar. Estas duas afirmações de Jesus excluem completamente a
possibilidade de assumirmos que possa haver algum outro ser que seja um com
Deus Pai e Seu Filho, e conheça a Deus Pai como um Filho.
Portanto, devemos nos manter com o que a Bíblia
afirma – Jesus Cristo e Deus o Pai são um. Não inclui uma terceira pessoa.
Assim, não há qualquer base bíblica para afirmarmos que exista uma pessoa
adicional que componha uma unidade com Deus Pai e Seu Filho Jesus Cristo, tal
como afirma a doutrina da Trindade. Temos então que, se a doutrina da Trindade
afirma algo que não possui base bíblica, ela não possui base bíblica que a
possa suster. Sendo assim, não há como aceitá-la.
O texto de I João 5:7-8 que supostamente confirma a
Trindade -- “Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e
o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na
terra: o Espírito, a água e o sangue, e os três são unânimes num só
propósito.” -- foi acrescentado ao original. A Bíblia de Jerusalém afirma
isto categoricamente. Outras versões da Bíblia, como a tradução João Ferreira
de Almeida Revista e Atualizada, trazem o texto entre colchetes ou mesmo em
itálico, mencionando que os textos apresentados de tal forma na Bíblia não
pertencem aos manuscritos originais. Portanto, não se faz sequer necessária a
análise deste texto, pois ele não possui nenhuma autoridade (não foi inspirado,
não faz parte da Bíblia, em verdade).
Um ponto relativo a este texto nos deveria chamar a
atenção:
Uma vez que os escritos da Bíblia foram inspirados
por Deus, devemos crer que qualquer tentativa de acréscimo a eles não deve
provir da parte de Deus, mas sim de Satanás, o adversário das almas. Se Satanás
teve tanto interesse em colocar um texto que favoreça a crença em uma Trindade,
não é difícil desconfiarmos que a própria crença nela pode ser da vontade dele,
o arquiinimigo das almas.
Caso uma doutrina qualquer possa ser mantida pelo
estudo de outros textos bíblicos, por que seria necessário adicionar um texto
para confirmá-la? Não temos e não precisamos, por exemplo, de nenhum texto
bíblico acrescentado para “provar” que a observância do sábado possui base
bíblica.
A Bíblia, em Apocalipse 5:13, nos mostra com
clareza a quem devemos adorar:
“13 Então, ouvi
que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da
terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele
que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a
glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.
14 E os quatro seres viventes
respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram.” Apocalipse 5:13-14
O texto menciona apenas o Pai (aquele que está
assentado no trono) e o Filho (Cordeiro) como sendo dignos de adoração. Assim,
possuímos base bíblica sólida que confirma a adoração a Deus Pai e ao Senhor
Jesus Cristo. Procuramos algum texto bíblico que nos recomendasse ou mesmo
permitisse adorar algum outro ser além de Deus Pai e Jesus Cristo e não
encontramos. Mas em nenhuma passagem das Escrituras é sequer cogitada a
possibilidade de adorar a outros seres que não o Deus Pai e o Deus Filho.
A Bíblia é expressa em ordenar a adoração apenas ao
Pai e ao Filho. Entretanto, a doutrina da Trindade, conforme vimos no primeiro
capítulo deste estudo, afirma que o Espírito Santo é digno de adoração, tal
qual o Pai e o Filho:
“C – O Espírito Santo é digno de adoração, assim
como o Pai e o Filho.”
Desta forma, segundo observamos, a doutrina da
Trindade esta claramente contra a Bíblia. Entretanto, o problema não é somente
este. Se a Bíblia ordena que somente Deus Pai e Deus Filho (Jesus Cristo) devem
ser adorados, e estamos adorando a um outro ser, quem seria este ser? Qual é o
ser que deseja para si a mesma adoração que é merecida somente a Deus? Este não
pode ser um dos seres não caídos, pois eles não aceitam adoração. O anjo
Gabriel, em Apocalipse 19:10, exemplifica isto:
“Prostrei-me ante os seus pés para
adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus
irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a
Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.” Apocalipse 19:10
O ser que deseja a adoração como a que é merecida
somente por Deus é Satanás, segundo a Bíblia mesma mostra: “Subirei acima das mais altas nuvens e
serei semelhante ao Altíssimo.” Isaías
14:14
É Satanás quem quer ser semelhante ao Deus
Altíssimo (Deus Pai – ver Lucas 1:32, 35). Assim, se adoramos a outro que não
ao Deus Pai ou ao Deus Filho – Jesus Cristo, estamos adorando a Baal, ou
seja, a Satanás. E a Bíblia chama ao pecado de idolatria de “abominação”, que
traz os juízos divinos contra Seu povo.
Disto decorre uma grande preocupação, pois se somos
hoje o Israel espiritual, como cremos, e estamos, através da crença da
Trindade, em pecado aberto de idolatria contra Deus, os juízos divinos devem
estar prestes a cair sobre nós. A espada é o destino certo para aqueles que
praticam a idolatria.
Os capítulo 9 de Ezequiel, o qual sabemos se
cumprirá no futuro, exemplifica bem qual é a condenação iminente para aqueles
que se encontram em idolatria. Entretanto, o mesmo capítulo relata quais serão
os selados:
“3 A glória do Deus de Israel
se levantou do querubim sobre o qual estava, indo até à entrada da casa; e o
SENHOR clamou ao homem vestido de linho, que tinha o estojo de escrevedor à
cintura,
4 e lhe disse: Passa pelo meio da
cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal a testa dos
homens que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no
meio dela.” Ezequiel
9:3, 4
Se estamos em idolatria como um povo, vamos nos
converter a Deus enquanto é tempo, e Ele se voltará para nós. Clamemos entre o
pórtico e o altar dizendo: “poupa ó Senhor o Teu povo” (Joel 2:17).
A conclusão, de fato, sobre esse assunto, cabe agora a você!