Pensamentos de Mahatma Gandhi
1
O
desejo sincero e profundo do coração é sempre realizado; em minha própria vida
tenho sempre verificado a certeza disto.
2
Creio
poder afirmar, sem arrogância e com a devida humildade, que a minha mensagem e
os meus métodos são válidos, em sua essência, para todo o mundo.
3
Acho
que vai certo método através das minhas incoerências. Creio que há uma
coerência que passa por todas as minhas incoerências assim como há na natureza
uma unidade que permeia as aparentes diversidades.
4
As
enfermidades são os resultados não só dos nossos atos como também dos nossos
pensamentos.
5
Satyagraha
- a força do espírito - não depende do número; depende do grau de firmeza.
6
Satyagraha
e Ahimsa são como duas faces da mesma medalha, ou melhor, como as duas cades de
um pequeno disco de metal liso e sem incisões. Quem poderá dizer qual é a
certa? A não-violência é o meio. A Verdade, o fim.
7
A
minha vida é um Todo indivisível, e todos os meus atos convergem uns nos
outros; e todos eles nascem do insaciável amor que tenho para com toda a
humanidade.
8
Uma
coisa lançou profundas raízes em mim: a convicção de que a moral é o fundamento
das coisas, e a verdade, a substância de qualquer moral. A verdade tornou-se
meu único objetivo. Ganhou importância a cada dia. E
também a
minha definição dela se foi
constantemente ampliando.
9
Minha
devoção à verdade empurrou-me para a política; e posso dizer, sem a mínima
hesitação, e também com toda a humildade que, não entendem nada de religião
aqueles que afirmam que ela nada tem a ver com a política.
10
A
minha preocupação não está em ser coerente com as minhas afirmações anteriores
sobre determinado problema, mas em ser coerente com a verdade.
11
O
erro não se torna verdade por se difundir e multiplicar facilmente. Do mesmo
modo a verdade não se torna erro pelo f ato de ninguém a ver.
12
O
amor é a força mais abstrata, e também a mais potente, que há no mundo.
13
O
Amor e a verdade estão tão unidos entre si que é praticamente impossível
separá-los. São como duas faces da mesma medalha.
14
O
ahimsa (amor) não é somente um estado
negativo que consiste em não fazer o mal, mas também um estado positivo que
consiste em amar, em fazer o bem a todos, inclusive a quem faz o mal.
15
O
ahimsa não é coisa tão fácil. É mais fácil dançar sobre uma corda que sobre o
fio da ahimsa.
16
Só
podemos vencer o adversário com o amor, nunca com o ódio.
17
A
única maneira de castigar quem se ama é sofrer em seu lugar.
18
É
o sofrimento, e só o sofrimento, que abre no homem a compreensão interior.
19
Unir
a mais firme resistência ao mal com a maior benevolência para com o malfeitor.
Não existe outro modo de purificar o mundo.
20
A
minha natural inclinação para cuidar dos doentes transformou-se aos poucos em
paixão; a tal ponto que muitas vezes fui obrigado a descuidar o meu trabalho. .
.
21
A
não-violência é a mais alta qualidade de oração. A riqueza não pode
consegui-Ia, a cólera foge dela, o orgulho devora-a, a gula e a luxúria
ofuscam-na, a mentira a esvazia, toda a pressão não justificada a compromete.
22
Não-violência
não quer dizer renúncia a toda forma de luta contra o mal. Pelo contrário. A
não-violência, pelo menos como eu a concebo, é uma luta ainda mais ativa e real
que a própria lei do talião - mas em plano moral.
23
A
não-violência não pode ser definida como um método passivo ou inativo. É um
movimento bem mais ativo que outros e exige o uso das armas. A verdade e a
não-violência são, talvez, as forças mais ativas de que o mundo dispõe.
24
Para
tornar-se verdadeira força, a não-violência deve nascer do espírito.
25
Creio
que a não-violência é infinitamente superior à violência, e que o perdão é bem
mais viril que o castigo...
26
A
não-violência, em sua concepção dinâmica, significa sofrimento consciente. Não
quer absolutamente dizer submissão humilde à vontade do malfeitor, mas um
empenho, com todo o ânimo, contra o tirano. Assim um só indivíduo, tendo como
base esta lei, pode desafiar os poderes de um império injusto para salvar a
própria honra, a própria religião, a própria alma e adiantar as premissas para
a queda e a regeneração daquele mesmo império.
27
O
método da não-violência pode parecer demorado, muito demorado, mas eu estou
convencido de que é o mais rápido.
28
Após
meio século de experiência, sei que a humanidade não pode ser libertada senão
pela não-violência. Se bem entendi, é esta a lição central do cristianismo.
29
Só
se adquire perfeita saúde vivendo na obediência às leis da Natureza. A
verdadeira felicidade é impossível sem verdadeira saúde, e a verdadeira saúde é
impossível sem rigoroso controle da gula. Todos os demais sentidos estarão
automaticamente sujeitos a controle quando a gula estiver sob controle. Aquele
que domina os próprios sentidos conquistou o mundo inteiro e tornou-se parte
harmoniosa da natureza.
30
A
civilização, no sentido real da palavra, não consiste na multiplicação, mas na
vontade de espontânea limitação das necessidades. Só essa espontânea limitação
acarreta a felicidade e a verdadeira satisfação. E aumenta a capacidade de
servir.
31
É
injusto e imoral tentar fugir às conseqüências dos próprios atos. É justo que a
pessoa que come em demasia se sinta mal ou jejue. É injusto que quem cede aos
próprios apetites fuja às conseqüências tomando tônicos ou outros remédios. É
ainda mais injusto que uma pessoa ceda às próprias paixões animalescas e fuja
às conseqüências dos próprios atos.
A
Natureza é inexorável, e vingar-se-á completamente de uma tal violação de suas
leis.
32
Aprendi,
graças a uma amarga experiência, a única suprema lição: controlar a ira. E do
mesmo modo que o calor conservado se transforma em energia, assim a nossa ira
controlada pode transformar-se em uma função capaz de mover o mundo. Não é que
eu não me ire ou perca o controle. O que eu não dou é campo à ira. Cultivo a
paciência e a mansidão e, de uma maneira geral, consigo. Mas quando a ira me
assalta, limito-me a controlá-la. Como consigo? É um hábito que cada um deve
adquirir e cultivar com uma prática assídua.
33
O
silêncio já se tornou para mim uma necessidade física espiritual. Inicialmente
escolhi-o para aliviar-me da depressão. A seguir precisei de tempo para
escrever. Após havê-lo praticado por certo tempo descobri, todavia, seu valor
espiritual. E de repente dei conta de que eram esses momentos em que melhor
podia comunicar-me com Deus. Agora sinto-me como se tivesse sido feito para o
silêncio.
34
Aqueles
que têm um grande autocontrole, ou que estão totalmente absortos no trabalho,
falam pouco. Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza: trabalha
continuamente, mas em silêncio.
35
Aquele
que não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros.
36
Quem
sabe concentrar-se numa coisa e insistir nela como único objetivo, obtém, ao
cabo, a capacidade de fazer qualquer coisa.
37
A
verdadeira educação consiste em pôr a descoberto ou fazer atualizar o melhor de
uma pessoa. Que livro melhor que o livro da humanidade?
38
Não
quero que minha casa seja cercada por muros de todos os lados e que as minhas
janelas esteja tapadas. Quero que as culturas de todos os povos andem pela
minha casa com o máximo de liberdade possível.
39
Nada
mais longe do meu pensamento que a idéia de fechar-me e erguer barreiras. Mas
afirmo, com todo respeito, que o apreço pelas demais culturas pode
convenientementemente seguir, e nunca anteceder, o apreço e a assimilação da
nossa. (...) Um aprendizado acadêmico, não baseado na prática, é como um cadáver
embalsamado, talvez para ser visto, mas que não inspira nem nobilita nada. A
minha religião proíbe-me de diminuir ou desprezar as outras culturas, e
insiste, sob pena de suicídio civil, na necessidade de assimilar e viver a
vida.
40
Ler
e escrever, de per si, não são educação. Eu iniciaria a educação da criança,
portanto, ensinando-lhe um trabalho manual útil, e colocando-a em grau de
produzir desde o momento em que começa sua educação. Desse modo todas as
escolas poderiam tornar-se auto-suficientes, com a condição de o Estado comprar
os manufaturados.
Acredito
que um tal sistema educativo permitira o mais alto desenvolvimento da mente e
da alma. É preciso, porém, que o trabalho manual não seja ensinado apenas
mecanicamente, como se faz hoje, mas cientificamente, isto é, a criança deveria
saber o porquê e o como de cada operação.
Os
olhos, os ouvidos e a língua vêm antes da mão. Ler vem antes de escrever e
desenhar antes de traçar as letras do alfabeto.
Se
seguirmos este método, a compreensão das crianças terá oportunidade de se
desenvolver melhor do que quando é freada iniciando a instrução pelo alfabeto.
41
Odeio
o privilégio e o monopólio. Para mim, tudo o que não pode ser dividido com as
multidões é "tabu".
42
A
desobediência civil é um direito intrínseco do cidadão. Não ouse renunciar, se
não quer deixar de ser homem. A desobediência civil nunca é seguida pela
anarquia. Só a desobediência criminal com a força. Reprimir a desobediência
civil é tentar encarcerar a consciência.
43
Todo
aquele que possui coisas de que não precisa é um ladrão.
44
Quem
busca a verdade, quem obedece a lei do amor, não pode estar preocupado com o
amanhã.
45
As
divergências de opinião não devem significar hostilidade. Se fosse assim, minha
mulher e eu deveríamos ser inimigos figadais. Não conheço duas pessoas no mundo
que não tenham tido divergências de opinião. Como seguidor da Gita (Bhagavad
Gita), sempre procurei nutrir pelos que discordam de mim o mesmo afeto que
nutro pelos que me são mais queridos e vizinhos.
46
Continuarei
confessando os erros cometidos. O único tirano que aceito neste mundo é a
"silenciosa e pequena voz" dentro de mim. Embora tenha que enfrentar
a perspectiva de formar minoria de um só, creio humildemente que tenho coragem
de encontrar-me numa minoria tão desesperadora.
47
Nas
questões de consciência a lei da maioria não conta.
48
Estou
firmemente convencido que só se perde a liberdade por culpa da própria
fraqueza.
49
Acredito
na essencial unidade do homem, e, portanto na unidade de tudo o que vive. Por
conseguinte, se um homem progredir espiritualmente, o mundo inteiro progride
com ele, e se um homem cai, o mundo inteiro cai em igual medida.
50
Minha
missão não se esgota na fraternidade entre os indianos. A minha missão não está
simplesmente na libertação da Índia, embora ela absorva, em prática, toda a
minha vida e todo o meu tempo. Por meio da libertação da Índia espero atuar e
desenvolver a missão da fraternidade dos homens.
O
meu patriotismo não é exclusivo. Engloba tudo. Eu repudiaria o patriotismo que
procurasse apoio na miséria ou na exploração de outras nações. O patriotismo
que eu concebo não vale nada se não se conciliar sempre, sem exceções, com o
maior bem e a paz de toda a humanidade.
51
A
mulher deve deixar de se considerar o objeto da concupiscência do homem. O
remédio está em suas mãos mais que nas mãos do homem.
52
Uma
vida sem religião é como um barco sem leme.
53
A
fé – um sexto sentido – transcende o intelecto sem contradizê-lo.
54
A
minha fé, nas densas trevas, resplandece mais viva.
55
Somente
podemos sentir deus destacando-nos dos sentidos.
56
O
que eu quero alcançar, o ideal que sempre almejei com sofreguidão (...) é
conseguir o meu pleno desenvolvimento, ver Deus face-a-face, conseguir a
libertação do Eu.
57
Orar
não é pedir. Orar é a respiração da alma.
58
A
oração salvou-me a vida. Sem a oração teria ficado muito tempo sem fé. Ela
salvou-me do desespero. Com o tempo a minha fé aumentou e a necessidade de orar
tornou-se mais irresistível... A minha paz muitas vezes causa inveja. Ela
vem-me da oração. Eu sou um homem de oração. Como o corpo se não for lavado
fica sujo, assim a alma sem oração se torna impura.
59
O
Jejum é a oração mais dolorosa e também a mais sincera e compensadora.
60
O
Jejum é uma arma potente. Nem todos podem usá-la. Simples resistência física
não significa aptidão para jejum. O Jejum não tem absolutamente sentido sem fé
em Deus.
61
Para
mim nada mais purificador e fortificante que um jejum.
62
Os
meus adversários serão obrigados a reconhecer que tenho razão. A verdade
triunfará. . . Até agora todos os meus jejuns foram maravilhosos: não digo em
sentido material, mas por aquilo que acontece dentro de mim. É uma paz
celestial.
63
Jejum
para purificar a si mesmo e aos outros é uma antiga regra que durará enquanto o
homem acreditar em Deus.
64
Tenho
profunda fé no método de jejum particular e público. . . Sofrer mesmo até a
morte, e, portanto mesmo mediante um jejum perpétuo, e a arma extrema do
satyagrahi. É o último dever que podemos cumprir. O Jejum faz parte de meu ser,
como acontece, em maior ou menor escala, com todos os que procuraram a verdade.
Eu estou fazendo uma experiência de ahimsa em vasta escala, uma experiência
talvez até hoje desconhecida pela história.
65
Quem
quer levar uma vida pura deve estar sempre pronto para o sacrifício.
66
O
dever do sacrifício não nos obriga a abandonar o mundo e a retirar-nos para uma
floresta, e sim a estar sempre prontos a sacrificar-nos pelos outros.
67
Quem
venceu o medo da morte venceu todos os outros medos.
68
Os
louvores do mundo não me agradam; pelo contrário, muitas vezes me entristecem.
69
Quando
ouço gritar Mahatma Gandhi Ki jai, cada som desta frase me transpassa o coração
como se fosse uma flecha. Se pensasse, embora por um só instante, que tais
gritos podem merecer-me o swaraj; conseguiria aceitar o meu sofrimento. Mas
quando constato que as pessoas perdem tempo e gastam energias em aclamações
vãs, e passam ao longo quando se trata de trabalho, gostaria que, em vez de
gritarem meu nome, me acendessem uma pira fúnebre, na qual eu pudesse subir
para apagar uma vez por todas o fogo que arde o coração.
70
Uma
civilização é julgada pelo tratamento que dispensa às minorias.
71
Sei
por experiência que a castidade é fácil para quem é senhor de si mesmo.
72
O
brahmacharya é o controle dos sentidos no pensamento, nas palavras, e na ação.
. . O que a ele aspira não deixará nunca de ter consciência de suas faltas, não
deixará nunca de perseguir as paixões que se aninham ainda nos ângulos escuros
de seu coração, e lutará sem trégua pela total libertação.
73
O
brahmacharya, como todas as outras regras, deve ser observado nos pensamentos,
nas palavras e nas ações. Lemos na Gita e a experiência confirma-no-lo todos os
dias que quem domina o próprio corpo, mas alimenta maus pensamentos faz um
esforço vão. Quando o espírito se dispersa, o corpo inteiro, cedo ou tarde, o
segue na perdição.
74
Por
vezes pensa-se que e muito difícil, ou quase impossível conservar castidade. O
motivo desta falsa opinião e que freqüentemente, a palavra castidade é
entendida em sentido limitado demais.
Pensa-se
que a castidade é o domínio das paixões animalescas. Esta idéia de castidade é
incompleta e falsa.
75
Vivo
pela libertação da índia e morreria por ela, pois e parte da verdade.
Só
uma Índia livre pode adorar o Deus verdadeiro. Trabalho pela libertação da
Índia porque o meu Swadeshi me ensina que, tendo nascido e herdado sua cultura,
sou mais apto a servir à Índia e ela tem prioridade de direitos aos meus
serviços. Mas o meu patriotismo não é exclusivo; não tem por meta apenas não
fazer mal a ninguém, mas fazer bem a todos no verdadeiro sentido da palavra. A
libertação da Índia, como eu a concebo, não poderá nunca constituir ameaça para
o mundo.
76
Possuo
a não-violência do corajoso? Só a morte dirá. Se me matarem e eu com uma oração
nos lábios pelo meu assassino e com o pensamento em Deus, ciente da sua
presença viva no santuário do meu coração, então, e só então, poder-se-á dizer
que possuo a não-violência do corajoso.
77
Não
desejo morrer pela paralisação progressiva das minhas faculdades, corno um
homem vencido. A bala de meu assassino poderia pôr fim à minha vida.
Acolhê-la-ia com alegria.
78
A
regra de ouro consiste em sermos amigos do mundo e em considerarmos como uma
toda a família humana. Quem faz distinção entre os fiéis da própria religião e
os de outra, deseduca os membros da sua religião e abre caminho para o
abandono, a irreligião.
79
A
força de um homem e de um povo está na não-violência. Experimentem.
Sobre a
Revolução não violenta de Mahatma Gandhi
"
Gandhi continua o que o Buddha começou. Em Buddha o espírito é o jogo do
amor isto é, a tarefa de criar condições espirituais diferentes no mundo;
Gandhi dedica-se a transformar condições existenciais"
Albert
Schweitzer
"
Não violência é a lei de nossa espécie como violência é a lei do bruto. O
espírito mente dormente no bruto, e ele não sabe nenhuma lei mas o de poder
físico. A dignidade de homem requer obediência a uma lei mais alta - a
força do espírito ".
Mahatma Gandhi
"
Se o homem só perceberá que é desumano obedecer leis que são
injustas, a tirania de nenhum homem o escravizará".
Mahatma
Gandhi
"Não
pode haver nenhuma paz dentro sem verdadeiro conhecimento ".
Mahatma
Gandhi
"Para
autodefesa, eu restabeleceria a cultura espiritual. O melhor e autodefesa
mais duradoura é autopurificação ".
Mahatma
Gandhi
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