Afirmam alguns
estudiosos que ele é denominado o "Primeiro dos Sábados", ou o
"Principal dos Sábados" de acordo com o original grego.
Se atentarmos
para o grego e o modo dos judeus denominarem os dias da semana, veremos que
tais afirmações são insustentáveis.
A expressão
"primeiro dia da semana" é usada oito vezes no Novo Testamento e foi
traduzida da frase grega:
mia~~ tw~~n sabbavtwn – miá ton sabbáton ou de outras com pequenas variações e em Marcos
16:9 de:
prwvth sabbavtou – prote sabbátu.
A expressão
mais geral, para o primeiro dia da semana, é formada em grego de dois
elementos:
1º) A palavra miá, numeral grego, na sua forma feminina.
2º) Da palavra
grega sábbaton, nome neutro, que significa sábado.
Se a palavra miá é feminina, percebe-se logo, que não pode referir-se ao
vocábulo "sábbaton" que é neutro. "Miá" sendo o numeral feminino precisa concordar cem outra
palavra feminina e esta é "hemera", dia em grego, que
está subentendida, levando-nos a concluir que a tradução correta e fiel da
expressão original grega deve ser: "O primeiro dia da semana."
Todos os
conhecedores do grego concordam ser esta uma boa tradução, porque os
dicionários gregos confirmam que a palavra "sábbaton"
também significa semana. Isto é confirmado pelos dicionários e por aqueles que
nos dias dos apóstolos falavam o grego.
I. The Analytical Greek Lexicon
Sábbaton – propriamente cessação do trabalho, descanso; o sábado
judaico, usado tanto no singular como no plural – Mat. 12:2, 5, 8; Luc. 4:16; uma semana,
singular e plural – Mat. 28:1; Mar. 16:9.
A Greek – English Lexicon of the New Testament. . . . Arndt and Gingrich.
a)
Verbete sábbaton – o sétimo dia da
semana no calendário judaico, marcado pelo descanso do trabalho e por especiais
cerimônias religiosas.
b)
Semana – no singular – dis tou sabbáton,
dois dias em uma semana - Luc. 18:12.
Prote sabbáton – no primeiro dia da semana (domingo) - Mar. 16:9.
No plural (he) miá (ton) sabbáton (isto é – hemera) – o primeiro dia da
semana - Mat. 28:1.
II. O
evangelista Lucas (18:12) citando as palavras do fariseu, declara: Jejuo duas
vezes na semana. Em grego está:
nhsteuvw dis tou~~ sabbavtou – nesteuo dis tu sábbatu;
que numa tradução literal seria: Jejuo duas vezes no sábado. Não há necessidade
de muita acuidade mental, para concluir que o homem não poderia estar
afirmando, que jejuava duas vezes durante um único sábado. Com facilidade
concluímos que ele queria dizer que jejuava duas vezes durante a semana, ou no
período marcado por dois sábados sucessivos.
Os judeus
designavam os dias da semana usando a expressão "primeiro",
"segundo", "terceiro", etc. dos sábados, subentendendo-se
evidentemente a palavra dia, que em grego é do gênero feminino. Em outras
palavras, os judeus denominavam o domingo como o primeiro dia depois do sábado.
Este processo,
encontrado no Novo Testamento, é comprovado
com exemplos de escritores gregos e latinos dos primeiros séculos,
Embora numerosos, os seguintes são suficientes para nosso esclarecimento:
a) Didachê, ou Ensino dos Apóstolos (cerda de 150 A.D.) livro 5,
capítulo 19.
b) Constituição
dos Santos Apóstolos (cerca de 390 A.D.).
c)
Sobre o Jejum, de Tertuliano (cerca de 225 A.D.)
capítulo14.
d) Narração
sobre o Salmo 80, de Agostinho (cerca de 420 A.D.), parágrafo segundo.
Não apenas os
textos neotestamentários usam a expressão – miá sabbáton,
para o primeiro dia da semana, já que esta denominação se conserva até hoje nas
Igrejas da Síria e Etiópia.
Concluímos
portanto que a expressão "miá sabbáton" foi
corretamente traduzida para o português por primeiro dia da semana.
Em segundo
lugar, não resta dúvida alguma, sobre o fato de que a Bíblia não faz menção
especial de qualquer espécie, ao primeiro dia da semana como querem defender os
guardadores do domingo.
O Dr. Aníbal
Pereira Reis, em seu livro A Guarda do
Sábado, págs. 140-141, com bastante sagacidade e astúcia tenta provar,
através de sofismas baseados em Marcos 16:2 e 9 que o domingo é o principal dia
da semana.
Nestes dois
versos temos a expressão: primeiro dia da semana, com a seguinte diferença em
grego:
Mar. 16:2 – mvia tovn sabbavtwn – miá ton sabbáton.
Mar. 16: 9 – prwvth sabbavtou – prote sabbátu.
No grego no
primeiro verso está o numeral cardinal e sábado no genitivo plural, enquanto no
segundo se encontra o numeral ordinal e sábado no genitivo singular, ou duas
expressões diferentes para expressar a mesma coisa. Os escritores gregos podiam
tanto usar o numeral cardinal quanto o ordinal, na mesma acepção, como nos
comprovam os exemplos de Mar. 16:2 e 9.
Pelo fato de
primeiro, significar também principal, Dr. Aníbal defende que nesta passagem
tem este significado, deduzindo que a tradução correta de Marcos 16:9 deve ser:
"E tendo ressuscitado na manhã do principal dia da semana", para ele
o domingo.
Que autoridades
e passagens bíblicas ele cita para comprovar sua estranha conclusão?
Evidentemente nenhuma, desde que estas reflexões foram arquitetadas em suas
lucubrações, mas não estão escudadas em princípios exegéticos e nas declarações
das Santas Escrituras.
Concluir da
expressão "primeiro dia da semana" o significado de principal dia da
semana, interessado em defender pela Bíblia a valorização do domingo, com
desprestígio do sábado é muita ousadia no campo da exegese bíblica.
O que mais nos
admira e se torna mais grave é que no prólogo do seu livro declarou:
"Minha posição no tocante ao cumprimento do sábado está absoluta e
indubitavelmente enraizada na Bíblia, a Infalível Palavra de Deus".
É inacreditável
chegar a tais desmandos diante desta afirmação.
O professor de
Teologia Moral no Instituto Filosófico – Teológico de Petrópolis, Dr. Frei
Antônio Mosser afirma, na página 477 da Revista
Eclesiástica Brasileira: "O que Jesus fez não foi abolir o sábado. Nem
podia fazê-lo, pois na compreensão dos judeus o sábado foi instituído pelo
próprio Deus. O que Jesus fez foi libertar os homens do jugo em que o sábado
tinha sido transformado pelo empobrecimento da teologia rabínica. Ele liberta o
homem da letra do sábado".
Na página 485 o
mesmo autor afirma:
"Está
historicamente comprovado que o repouso dominical foi introduzido pelo Decreto
de Constantino, em 321. O Decreto dizia mais ou menos o seguinte: "Que
todos os juízes e habitantes das cidades descansem no venerável dia do
sol".
Eusébio, bispo
de Cesaréia, contemporâneo de Constantino, o Grande, não tardou em declarar o
seguinte:
"Tudo o
que era de obrigação no dia de sábado, nós o
transferimos para o dia do Senhor, que é propriamente (o dia) mais nosso, como
o mais elevado que é em categoria e mais digno de honra do que o sábado
judaico". – Eusébio, De Vita
Constantin, Livro III, cap. 33, pág. 413.
Note bem a sua declaração – Nós. Prova evidente e
insofismável de que não havia nenhuma autoridade para tal mudança conferida por
Cristo ou pelos apóstolos.
Apesar do
decreto de Constantino, o sábado continuava a ser observado até que um golpe
mais decisivo o veio a atingir.
A. D. Prynne em
sua História dos Concílios, Vol. l,
parágrafo 39 assim se expressa:
"O sábado
do sétimo dia foi observado por Cristo, pelos ap6stolos e pelos primeiros
cristãos até que o Concílio de Laodicéia a certos respeitos como que aboliu a
sua observância."
"O
Concílio de Laodicéia, em 364, resolveu em primeiro lugar a observância do Ceia
do Senhor e em seguida proibiu sob anátema a observância do sábado
judaico".
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