Introdução
Dois grandes
mistérios têm preocupado o homem através dos séculos:
1º) A origem do
ser humano.
2º) O que
acontece ao homem após a morte.
A explicação
para estes dois problemas se encontra na revelada Palavra de Deus e não em
cogitações filosóficas dos homens.
O profeta
Isaías declara (8:20): "À lei e ao testemunho: se eles não falarem segundo
esta palavra é porque não têm iluminação." – (Tradução Trinitariana).
Ensina a Bíblia
que os ímpios não ficarão sem castigo Prov. 11:21. Porém, este castigo, que no
sentido escatológico bíblico é chamado a ira de Deus é sempre justo e temperara
com misericórdia: Salmo101:1; 118:1-4.
Muitas pessoas
têm duvidado da existência de Deus, quando ouvem o ensino errôneo de que a
Bíblia ensina que Deus criou um lugar de tortura eterna para castigo dos maus.
Queremos com
esta pesquisa esclarecer nossos estudantes para estes dois aspectos:
1º) Quais as
palavras hebraicas e gregas que foram impropriamente traduzidas por inferno.
2º) Que
significavam no original e as dificuldades em bem traduzi-las.
Comentários Gerais
A doutrina de
um inferno para tormento eterno é de origem pagã, foi aceita pela igreja
dominante, nos séculos escuros da Idade Média, para intimidar os pagãos a
aceitar as crenças católicas.
O que levou o
jovem Lutero para dentro do convento, a fim de tornar-se sacerdote foi o medo
do inferno. Pensava ele que aderindo às crenças e práticas da Igreja Católica
Romana, encontraria o único meio de escapar à morte eterna.
Na mitologia
greco-romana o inferno era o reino de Plutão.
A idéia de um
lugar debaixo da Terra para tormento dos maus nasceu da mitologia romana (basta
ler a Eneida de Virgílio para nos cientificarmos desta realidade), daí a origem
da palavra inferno – do latim inferi,
inferior, que vai para baixo.
Esta palavra
normalmente foi usada pelos tradutores para expressar o sentido do termo
hebraico "Sheol" e dos gregos "Hades", "Geena"
e "Tártaro".
Sheol
Este vocábulo
aparece 62 vezes no Velho Testamento.
Sheol era o lugar para onde iam os mortos,
por isso é sinônimo de sepultura, ou lugar de silêncio dos mortos.
Sheol nunca teve em hebraico a idéia de
lugar de suplício para os mortos.
Sendo difícil
traduzi-los porque nenhuma palavra em português dá exata idéia do significado
original, o melhor é mantê-la transliterada como fazem muitas traduções. A
tradução brasileira não a traduz nenhuma vez.
Experimente
traduzir Sheol por inferno nestas
duas passagens: Gên. 42:38 e Jonas 2:1-2.
Hades
É usada apenas
10 vezes no Novo Testamento, Mat. 11:23; 16:18; Luc. 16:23; Atos 2:27, 31;
Apoc. 1:18; 6:8; 20:13, 14 (I Cor. 15:55).
Sobre o emprego
desta palavra em 1 Cor. 15:56, Edilson Valiente numa Monografia sobre a palavra
Hades, pág, 27 (1978), declarou:
"A
passagem de Paulo de 1 Cor. 15:56 apresenta um problema de crítica textual. Na
leitura feita na Septuaginta, encontramos também neste verso a palavra hades,
no vocativo. As traduções mais antigas da Bíblia, antes das descobertas do
século XIX para cá, traziam a palavra 'inferno' como sendo a tradução de hades.
"Com
estudos feitos na área da crítica textual, valendo-se das importantíssimas
descobertas de Tishendorf, verificou-se que a palavra usada não era hades, mas
a palavra yanate (morte). Este estudo foi baseado nos
mais fidedignos MSS descobertos até hoje.
"Com tudo
isto ficou claro que Paulo não usou nem uma vez o termo hades em seus escritos,
provavelmente para não confundir com os conceitos deturpados do hades que
existiam em sua época. Outra razão é dada por Edwards, dizendo que Paulo, escrevendo
em grego, procurava fugir do mau agouro que acompanhava a palavra e causava
terror ao povo; cita Platão para reafirmar sua idéia: 'O povo em geral usa a
palavra Pluto como eufemismo de hades, com seus temores de levá-los para as
partes errôneas do invisível'. É certo, também que Paulo não usou nenhuma vez a
expressão Pluto, mas subentendendo o conceitualismo bíblico, em Rom. 10:7 usa o
termo abismo."
O Edilson
concluiu suas ponderações declarando:
Além de todas
estas razões, Nichol, em seu Answers to Objections
diz:
"Nós
concluímos que também em I Cor. 15:55, onde a palavra sepultura é uma tradução
de hades, e descreve que sobre o tal os justos serão finalmente vitoriosos na
ressurreição. Incidentemente, 1 Cor. 15:55 é uma citação do Velho Testamento
(Oséias 13:14), onde encontramos a palavra sheol
aplicada." – F. Nichol. Answers to Objections,
pág. 366.
Nas melhores traduções
da Bíblia, inclusive na Versão de Almeida Revista e Atualizada, o termo inferno
já foi substituído por morte.
A palavra
"Hades no Novo Testamento corresponde exatamente à palavra "Sheol" do Velho Testamento. No Salmo
16:10 Davi disse: "Pois não deixarás a minha alma no sheol." Pedro usando esta passagem
profética do Velho Testamento afirmou em Atos 2:27: "Porque não deixarás a
minha alma no hades."
Outra prova da
sua exata correspondência se encontra na tradução da Septuaginta, pois das 62
vezes que sheol é usada no Velho
Testamento, 61 vezes ela foi traduzida por hades.
Origem da Palavra Hades
Provém do
prefixo a – alfa grego com a idéia de negação,
privação e do verbo idein – idein = ver,
significando então: o que não é visto, lugar de onde não se vê, por isso é
sinônimo de sepultura, habitação dos mortos.
Os dicionários e comentários confirmam este significado.
1º) Arndt and Gingrich: "Hades
(originalmente nome próprio, nome do deus do subterrâneo) o subterrâneo, como
lugar da morte."
2º) Liddell and Scott :
"Hades – o não mundo, lugar de descanso dos mortos."
3º) Vincent:
"É o lugar em que todos os que partem desta vida descem, sem referência a
seu caráter moral."
4º) Moulton and Milligan, The Vocabulary of the Greek Testament : "Hades é o
submundo, a sepultura."
Os gregos
dividiam o Hades em duas partes, (posteriormente falavam até em quatro) o Elysium – a habitação dos vitoriosos e o Tártarus – a
habitação dos ímpios.
O
Pseudo-epígrafe de Enoque divide o Hades em quatro partes distintas:
1ª) Ocupada
pelos santos mártires.
2ª) Lugar onde
se encontravam os justos em geral.
3ª) Ímpios que
não foram suficientemente punidos na vida.
4ª) Dos
pecadores que sofreram uma morte violenta.
Esta idéia de
divisões e subdivisões do hades é totalmente pagã sem nenhum apoio bíblico.
Hades traz-nos
também a idéia não apenas de um local, mas como um estado intermediário entre a
morte e a ressurreição.
Sheol e Hades significam a condição dos
mortos.
Geena
Palavra
hebraica transliterada para o grego geena, que se encontra nas seguintes 12
passagens: Mat. 5:22, 29, 30; 10:28; 18:9; 23:15, 33; Mar. 9:43, 45, 47; Luc.
12:5; Tiago 3:6.
Geena vem do
vocábulo hebraico Ge Hinom ou Ge ben Hinom – Vale de Hinom
ou Vale do filho de Hinom. Neste vale
havia uma elevação denominada Tofete,
onde ímpios queimavam seus próprios filhos.
Este vale se
situava a sudeste de Jerusalém; neste local, antes da conquista de Canaã pelos
filhos de Israel, cananitas ofereciam sacrifícios humanos ao deus Moloque. Posteriormente, judeus apostatados
continuaram com esta prática nefanda e abominável, como nos relata II Crônicas 28:3. "Também queimou
incenso no vale de Hinom, e queimou a
seus próprios filhos no fogo, segundo as abominações dos gentios que o Senhor
lançara fora de diante dos filhos de Israel."
Esta é uma
referência ao ímpio rei Acaz, como também nos mostra II Reis 16:3.
"Porque
andou no caminho dos reis de Israel, e até queimou a seu filho como sacrifício.
. ."
Que esta
prática existia fora dos arraiais dos israelitas é evidente da leitura de
alguns textos bíblicos como Lev. 18:21 e Deut. 18:10, onde Deus adverte os seus
filhos a não dedicarem seus descendentes a Moloque.
Manassés, neto
do rei Acaz, restaurou esta prática execrável – II Crôn. 33:1; Jer. 32:35.
Alguns anos
mais tarde, o bom rei Josias exterminou os sacrifícios humanos, derribando
totalmente as elevações do vale de Hinom
ou o Tofete, como está relatado em II
Reis 23:10.
Em
conseqüências destas transgressões Deus advertiu o seu povo de que o Vale de Hinom se tornaria um dia "o vale da
matança" por causa dos cadáveres deste povo: Jer. 7:32, 33; 19:6, confira
Isa. 30:33.
Terminados os
sacrifícios humanos, este local ficou reservado para depósito do lixo
proveniente da cidade de Jerusalém. Juntamente com o lixo vinham cadáveres de
mendigos encontrados mortos na rua ou de criminosos e ladrões mortos quando
cometiam o delito. Estes corpos, às vezes, eram atirados onde não havia fogo,
aparecendo os vermes que lhes devoravam as entranhas num espetáculo dantesco e
aterrador. É a este quadro que Isaías se refere no capítulo 66, verso 24.
Por estas
circunstâncias, este vale se tornou desprezível e amaldiçoado pelos judeus e
símbolo do terror, da abominação e do asco e mencionado por Jesus com estas
características. Ser atirado à Geena após a morte, era sinônimo de desprezo ao
morto, abandonado pelos familiares, não merecendo ao menos uma cova rasa, estando
condenado à destruição eterna do fogo.
O vale de Hinom era um crematório das sujidades da
cidade de Jerusalém. O fogo ardia constantemente neste sitio e com o objetivo
de avivar as chamas e tornar mais eficaz a sua força lançavam ali enxofre.
Devido a estas circunstâncias, Jesus com muita propriedade usou este vale para
ilustrar o que seria no fim do mundo a destruição dos ímpios, sendo queimados
na geena universal.
Os rabis mais
primitivos baseiam a idéia de ser a Geena um tipo do fogo do último dia da
passagem bíblica de Isaías 31:9.
Tártaro
A palavra grega
"tártaro" ocorre somente uma vez no Novo Testamento. Encontra-se em
II Pedro 2:4 e diz o seguinte:
"Ora, se
Deus não poupou a anjos quando pecaram, antes precipitando-os no inferno (tártaro no original) os entregou a
abismos de trevas, reservando-os para juízo."
A palavra
tártaro, usada por Pedro se assemelha muito à palavra "Tartarus", usada na mitologia grega, com nome de um escuro
abismo ou prisão; porém, a palavra tártaro, parece referir-se melhor a um ato
do que a um lugar. A queda dos anjos que pecaram foi do posto de honra e
dignidade à desonra e condenação; portanto a idéia parece ser: Deus não poupou
aos anjos que pecaram, mas os rebaixou e os entregou a cadeias de trevas. Não
existe nenhuma idéia de fogo ou tormento nesta palavra, ela simplesmente
declara que estes anjos estão reservados para um julgamento futuro.
Conclusão
Os problemas
relacionados com a palavra inferno se desfazem como bolhas de sabão, quando
conhecemos bem o significado etimológico dos termos sheol, hades, geena e tártaro, que
jamais poderiam ser traduzidos pela nossa palavra inferno por ter uma conotação
totalmente diferente do que é expresso por aqueles vocábulos.
A palavra
inferno foi usada pelos tradutores por influências pagãs e por preconceitos
enraizados na mente de muitos, mas totalmente estranhos ao texto sagrado.
De acordo com a
Bíblia todos os que morrem, quer sejam bons, quer sejam maus descem á
sepultura, ao lugar do esquecimento e ali esperam até o dia da ressurreição
quando então receberão a recompensa. Apoc. 22:14.
Muitas das
traduções modernas da Bíblia, mais fiéis aos originais hebraico e grego,
preferem manter estas palavras transliteradas, por expressarem melhor o que
elas significam.
As palavras sheol
em hebraico e hades em
grego eram usadas para sepultura, não trazendo nenhum sentido de sofrimento e
castigo eterno.
Geena apenas figurativamente foi usada
por Jesus como um símbolo das chamas destruidoras dos últimos dias por causa do
envolvimento da palavra nos acontecimentos anteriormente descritos.
Ótima explicação, não deixando duvida, vemos aqui que uma ideia irracional foi introduzida na cultura mundial somente por benefícios, vemos hoje que filmes, desenhos, livros, gibis, entre outro tendo no seu contexto referencia a um inferno de tortura onde abitam os demônios, porem tudo não passa de historia da carochinha.
ResponderExcluirParabens pela explicação detalhada, confirmando que este inferno nunca existiu...