Desabafo de um Pastor que Acredita na Verdade, Mas Prega a Mentira
Estou
num dilema, numa grande angústia, dilema esse que envolve algo
fundamental em minha vida. A Bíblia diz que ninguém pode ao mesmo tempo
servir a dois senhores, mas eu sirvo a três e a mais de três! O terceiro é a
“pessoa do Espírito Santo” e os demais são os meus superiores na
Organização, que me credenciou como pastor.
Quando
me converti, a doutrina da trindade não era a grande controvérsia de minha
vida. Quando me batizei, eu disse sim a essa doutrina, mas naquele momento
eu não sabia o significado do meu sim.
Depois,
porém, que estudei melhor a Bíblia, descobri que nela não existe sequer a
palavra trindade!
Aí está
meu dilema: tornei-me pastor e, como pastor, sou obrigado a pregar que o
Espírito Santo é uma pessoa, que deve ser adorada da mesma forma
que Jesus Cristo e Deus.
O
problema é que acredito no Espírito Santo como uma manifestação do poder do
Deus Único e Todo-Poderoso e de Seu Filho, Jesus Cristo. Mas não posso pregar
no púlpito a minha verdadeira fé, nem posso comentar minha fé com meus amigos
pastores. Se algum deles souber que não acredito na doutrina da trindade, perco
a credencial de pastor, perco meu salário mensal, perco as ajudas, a
quilometragem, a escola das crianças, o auxílio-aluguel... E eu já não sou tão
jovem para recomeçar a vida do zero...
Por
tudo isso, sinto-me no mesmo dilema descrito por Paulo em Romanos 7:15 a 25.
“Porque
nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que
prefiro, e, sim, o que detesto.” (7:15)
Porque
nem mesmo compreendo totalmente porque sou obrigado a dizer que adoro o
Espírito Santo como uma terceira divindade, pois não faço o que acho certo, mas
sim o que a Organização determina!
“Ora se
faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.” (7:16)
Ora, se
a Bíblia nos ensina que há um só Deus, o Pai, e um só Senhor, Seu Filho Jesus
Cristo e eu digo que há três deuses, três senhores, então o que digo não está
na Bíblia. E se o que o eu digo não está na Bíblia, eu não sigo a Bíblia. Sigo,
sim, os doutores em divindade.
Ora, se
eu prego o que não quero, consinto com o pecado, que não é bom.
“Neste
caso, quem faz isso, já não sou eu, mas o pecado que habita em mim.” (7:17)
Neste
caso, quem prega a doutrina da trindade não sou eu, mas a mentira que habita na
liderança e que, habitando na liderança, habita em mim e, habitando em mim,
habita no meu distrito.
Ai de
mim! Se um simples membro confessa publicamente que não acredita na doutrina da
trindade, é excluído. Exclusão para mim será pouco. Dirão para todo o mundo que
apostatei e, além de tirarem meu salário mensal na Terra, dirão que eu não vou
mais para o Céu.
“Porque
eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum: pois o
querer o bem está em mim; não porém o efetuá-lo.” (7:18)
Porque
eu sei que na minha falsa aceitação da doutrina da trindade não habita bem
nenhum, e que o bem que em mim habita, a verdade bíblica, essa está em
mim, porém não posso torná-la pública. Acredito na verdade, mas prego a mentira.
“Porque não
faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.” (7:19)
Porque
não prego a verdade em que acredito, mas a mentira em que não acredito;
porque não prego a verdade que prefiro, mas o que não acredito, eu prego.
“Mas se
eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim, o pecado que habita
em mim.” (7:20)
Mas, se
eu prego o que não quero, já não sou eu que o faz, e sim o pecado da
Organização que habita em mim.
“Então
ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim.” (7:21)
Então
ao querer dizer a verdade, encontro a lei da Organização; e quando penso
no que posso perder, submeto-me ao mal que reside na Organização; e o mal
que reside na Organização, passa a habitar em mim.
“Porque
no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos
meus membros outra lei que guerreando contra a lei da minha mente, me faz
prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.” (7:22
e 23)
Porque
no tocante ao meu verdadeiro pensar, tenho prazer na lei de Deus, mas vejo nos
membros da Organização outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente,
me faz prisioneiro da doutrina da trindade, mentira pregada pelos meus
superiores na hierarquia da Organização.
“Desventurado
homem que sou, quem me livrará do corpo desta morte?” (7:24)
Desventurado
pastor que sou, quem me livrará do mal que habita nessa Organização?
“Graças
a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo com a
mente sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne da lei do pecado.” (7:25)
Graças
a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor... (Está vendo, cadê a terceira pessoa da
Trindade?) De maneira que eu de mim mesmo quero ser escravo da lei de Deus, mas
sou escravo da lei da Organização.
Desventurado
pastor que sou, quem me livrará de pregar essa mentira? E quem me dará vontade,
determinação e coragem para pregar a verdade?
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